Planeta está perigosamente perto de um choque alimentar global
Um novo estudo britânico revela um cenário catastrófico em que apenas três desastres impulsionados pelas alterações climáticas podem conduzir a uma crise de alimentar global, que resultará em distúrbios e assaltos proporcionados pela falta de alimentos e preços elevados dos géneros alimentares que restarem.
A avaliação de risco – elaborada pela Lloyd’s of London com o apoio do Foreign and Commonwealth britânico e de vários académicos – revela o quão próximo está a humanidade de um colapso alimentar e social em meados do século, a menos que não sejam tomadas medidas sérias para travar o aquecimento global.
O cenário postulado no estudo analisa o que aconteceria em caso de três catástrofes simultâneas provocadas pelas alterações climáticas: uma onda de calor na América do Sul, uma propagação de um agente microbiano patogénico sobre os cereais na Rússia e um ciclo de oscilação meridional do El Niño particularmente forte. Embora o estudo tenha apenas analisado cenários, estes três eventos são plausíveis de acontecer tendo em conta as actuais tendências climáticas. O impacto destes desastres simultâneos seria o suficiente para anular a segurança alimentar de todo o planeta, refere o documento.
O documento estima ainda que este cenário de incerteza alimentar faria com que o preço dos cereais, soja e milho quadruplicassem, ao passo que os preços do arroz aumentariam cerca de 500% em relação aos preços da campanha de 2007/2008. A produção global de milho diminuiria 10% e a de soja 11%.
Ainda de acordo com o estudo, a escassez alimentar provocaria distúrbios na América Latina, Norte de África e Médio Oriente. Na Europa as bolsas de valores desvalorizariam, em média, 10%, ao passo que as dos Estados Unidos contrairiam 5%, dando origem a uma instabilidade política e económica global.
O modelo utilizado como base do estudo foi desenvolvido no Anglia Ruskin University’s Global Sustainability Institute. “Neste cenário, a sociedade global basicamente colapsa em 2040 à medida que a produção alimentar vai sendo cada vez mais inferior à procura”, indica o estudo, citado pelo Independent.
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