Plataforma cívica contesta duas centrais fotovoltaicas no concelho de Évora



Os projetos de duas centrais solares fotovoltaicas no concelho de Évora estão a ser contestados por uma plataforma cívica, que alega que vão provocar “danos irreversíveis” na paisagem e na vida dos moradores e agentes turísticos.

“Os projetos vão alterar a paisagem da zona, vão artificializá-la completamente e não podemos permitir que provoquem danos irreversíveis”, afirmou à agência Lusa a porta-voz da plataforma cívica “Juntos pelo Divor”, Ana Barbosa.

Segundo a plataforma cívica, as duas centrais vão ocupar “uma área total de cerca de 650 hectares” na freguesia de Graça do Divor, concelho de Évora, envolvendo a instalação de 394.500 painéis, no caso de uma, e 362.076 painéis, no caso da outra.

O projeto com mais painéis fotovoltaicos é promovido pela empresa Hyperion Renewables Évora, enquanto o outro é da responsabilidade da IncognitWorld 3.

Ambos os projetos já possuem a respetiva Declaração de Impacte Ambiental (DIA) com parecer “favorável condicionado”, segundo a consulta efetuada pela Lusa no portal Participa.

Numa resposta enviada à Lusa por correio eletrónico, a Hyperion prometeu analisar as preocupações manifestadas pela plataforma cívica, vincando que pretende que os impactos “sejam minimizados e largamente ultrapassados pelos benefícios que o projeto trará”.

“É o objetivo da Hyperion envolver cidadãos e entidades locais, tendo já tomado medidas pontuais e estando também em estudo outras, a desenvolver com o Município de Évora, com vista ao desenvolvimento local”, acrescentou.

A Lusa também tentou obter esclarecimentos da IncognitWorld 3, mas não conseguiu qualquer contacto da empresa.

Nas declarações à Lusa, a porta-voz da plataforma cívica “Juntos pelo Divor” sublinhou que “ninguém está contra as energias renováveis”, nem se pretende “impedir que se façam as centrais fotovoltaicas”.

“A nossa luta não é impedir que estes promotores façam o seu negócio, nem que o país tenha mais esta possibilidade da energia limpa. É que relocalizem estes projetos, colocando-os num sítio que não tenha o impacto que estes têm”, realçou.

Ana Barbosa assinalou que estas centrais, tal como estão propostas, “têm uma parte importante em cima da ecopista e estão numa zona que não faz sentido, muito perto da [aldeia de] Graça do Divor e dos bairros do Senhor dos Aflitos, Louredo e Canaviais”.

“São zonas urbanizadas ou de pequena propriedade, com qualidade de vida, que as pessoas têm direito a querer ver preservada”, referiu.

Além disso, defendeu a porta-voz, a concretização das centrais vai colidir com projetos turísticos já criados e outros que estão previstos para aquela zona.

“A transição energética é profundamente contraditória com os interesses estratégicos” do Alentejo, cujo “recurso fundamental é a paisagem”, argumentou.

A plataforma cívica já divulgou um manifesto onde expõe as suas preocupações relativamente aos projetos e prepara-se para lançar uma petição pública sobre o tema.

Envolvendo um investimento de 144 milhões de euros, a central promovida pela IncognitWorld 3, pode ler-se no resumo não técnico do Estudo de Impacte Ambiental (EIA), vai ter uma potência instalada de cerca de 210.000 megawatt-pico (MWp) e produzir anualmente em média 380.506 megawatt-hora (MWh).

Já o projeto da Hyperion Renewables Évora, também segundo o resumo não técnico do EIA, que não revela o investimento previsto, vai ter uma potência instalada de 260 MWp e uma potência nominal de 200 megawatt (MW), estimando se uma produção média de cerca de 554 gigawatt-hora (GWh).





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