Porque é que alguns insetos se camuflam e outros optam por cores garridas?



Um estudo internacional publicado na revista Science revelou que a escolha entre camuflagem ou cores vivas como estratégia de defesa nos insetos depende fortemente do tipo de predadores e do ambiente em que vivem.

A investigação, liderada pela bióloga Iliana Medina Guzman, da Universidade de Melbourne, envolveu mais de 50 cientistas e decorreu em seis continentes. O objetivo foi perceber por que razão algumas espécies evoluíram para se esconder no meio envolvente, enquanto outras desenvolveram padrões de coloração chamativos, como forma de advertência aos predadores.

No total, foram usados mais de 15 mil modelos de presas artificiais, com três padrões de cor distintos: laranja e preto (clássico de advertência), castanho (camuflagem) e azul e preto (incomum). Os modelos foram colocados em habitats naturais e deixados à mercê de predadores, como aves e outros insectívoros.

Os resultados mostram que não existe uma estratégia universalmente superior, mas sim que a eficácia de cada abordagem depende do contexto local. “As características da comunidade de predadores e do próprio habitat têm um peso decisivo na escolha evolutiva entre camuflagem e cores de aviso”, explicou Iliana Medina, citada em comunicado.

Por exemplo, em ambientes onde os predadores competem de forma mais intensa por alimento, é mais provável que ataquem presas potencialmente perigosas ou com sabor desagradável. Nesses casos, a camuflagem revelou-se mais eficaz. Já em zonas onde predominam insetos camuflados, os predadores tornam-se mais atentos e há vantagem em adotar cores de aviso.

O estudo contribui para explicar a enorme diversidade de estratégias de defesa que existem no mundo natural, e por que razão espécies como a traça bogong, quase invisível no seu habitat, coexistem com insetos como o percevejo arlequim, conhecido pelas suas cores brilhantes.

William Allen, ecólogo evolutivo da Universidade de Swansea, no Reino Unido, e coautor do estudo, sublinha a importância das conclusões:

“Durante décadas, os biólogos procuraram perceber o que determina a escolha entre esconder-se ou exibir-se. Este trabalho mostra que as pressões ecológicas variam de região para região, e que não há uma resposta única”, afirma.

Os autores esperam que o estudo ajude a aprofundar o conhecimento sobre a evolução das defesas antipredadores e a distribuição global das estratégias de coloração mais comuns nos animais.






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