Portugueses lançam empresa de transporte de medicamentos com base na reutilização



A Smart&Cold é portuguesa e a primeira empresa a nível europeu a proceder à reutilização de sistemas isotérmicos para transporte de medicamentos em temperatura controlada – uma solução barata e ecológica. Como muitos dos projectos que lhe trazemos, surge pelas mãos de dois portugueses empreendedores – Filipe Araújo, 36 anos, e Fernando Marques, 47 anos.

Filipe, com formação em engenharia industrial, e Fernando, formado em ciências farmacêuticas, juntaram-se para dar resposta aos elevados custos e à falta de qualidade no transporte de produtos sensíveis à temperatura, nomeadamente entre os 2º C e os 8º C. “Para se efectuar o transporte deste tipo de medicamentos – normalmente vacinas e medicamentos oncológicos e biológicos – tínhamos duas opções: comprávamos caixas já validadas com um custo bastante elevado ou adquiríamos caixas de esferovite e colocávamos acumuladores de gelo para fazer ‘frio’”, explica ao Green Savers Filipe, que em 2011 exercia funções num operador logístico farmacêutico de grande dimensão.

A primeira opção é claramente dispendiosa e a segunda torna incerto o estado em que chegam os produtos ao ponto final da cadeia – hospitais, clínicas, administrações regionais de saúde, farmácias e armazenistas. Além disso, explica Filipe, todas as caixas depois de utilizadas ficam na posse do cliente final, seguindo então para o lixo e desperdiçando-se  todos os seus componentes – “quase sempre em óptimas condições de reutilização”. É uma opção que comporta grandes custos ambientais e económicos.

Filipe começou em 2011 a estudar a possibilidade de criação de um circuito fechado de transporte que permitisse o reaproveitamento destas caixas e, em Maio de 2012, fundou a Smart&Cold. Pouco tempo depois, Fernando juntou-se ao projecto.

O serviço prestado pela empresa permite uma melhoria de qualidade no transporte dos produtos, a um preço mais reduzido. Para isso, a Smart&Cold opta pela reutilização dos seus sistemas isotérmicos. As caixas são entregues aos clientes, segundo o seu perfil de utilização, e estes usam-nas nas suas entregas de medicamentos. Depois de a entrega estar concluída, as caixas são prontamente recolhidas e redireccionadas para o centro de reacondicionamento da empresa. Aí, caixas e acumuladores são higienizados e preparados para novas utilizações. “Actualmente disponibilizamos à indústria farmacêutica três tamanhos de caixas – de quatro, 15 e 40 litros –, todas elas validadas para 48 horas”, explica Filipe.

O fundador do projecto afirma ainda que, evitando a produção e destruição das massificadas caixas de esferovite, a empresa permite uma poupança anual de 56,926 toneladas de emissões de CO2.

A Smart&Cold trabalha actualmente com três dos maiores operadores logísticos na área da saúde – clientes que distribuem para todo o país. Os planos para o futuro incluem a exportação do conceito, inclusive para países africanos, como Angola e Moçambique, “que apresentam bastantes problemas na distribuição de medicamentos em frio positivo”.





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