Reprodução seletiva pode gerar corais mais resistentes ao calor

A reprodução seletiva de espécies de corais pode torná-los mais resistentes ao aumento da temperatura dos oceanos, revela um estudo conduzido por investigadores australianos na Grande Barreira de Coral de Ningaloo, património mundial da UNESCO, situada na costa ocidental da Austrália.
A equipa científica cruzou corais provenientes de zonas com diferentes temperaturas — uma mais quente e outra mais fria — e verificou que os descendentes de progenitores oriundos da zona mais quente apresentaram uma tolerância significativamente superior ao calor, em comparação com os descendentes de corais da mesma zona.
Este é o primeiro estudo a demonstrar que a reprodução seletiva pode aumentar a resiliência térmica dos corais no Oceano Índico, sendo considerado um avanço crucial na preparação dos recifes para futuras ondas de calor marinhas, cada vez mais frequentes devido às alterações climáticas.
Publicado na revista Proceedings of the Royal Society B, o trabalho mostra que este tipo de cruzamentos pode melhorar a capacidade de sobrevivência dos corais mesmo em escalas geográficas reduzidas. Em algumas experiências, os investigadores observaram que os juvenis resultantes destas combinações tinham mais do dobro da taxa de sobrevivência quando expostos a condições de calor extremo.
Face às perspetivas de aquecimento global contínuo, estes resultados oferecem um novo fôlego para estratégias de conservação, ao abrirem caminho para a criação de populações de corais mais adaptadas a um oceano em mudança.