Será a pele de cacto uma alternativa ao couro animal?
Os empreendedores mexicanos Adrián López Velarde e Marte Cázarez criaram uma forma de transformar folhas de cacto numa alternativa ao couro. O material já foi apresentado em eventos de moda em Milão, na Itália, e Sidney, na Austrália, onde recebeu elogios. A Desserto tornou-se assim a primeira marca a trabalhar com couro de cacto no mercado. O material é durável e de qualidade elevada para servir de base a todo tipo de roupas, móveis e acessórios. Isto além de ser parcialmente biodegradável e orgânico.
A matéria-prima principal é a Opuntia ficus-indica — uma família de cactos que não precisa de irrigação, possui espinhos muito pequenos, é resistente ao frio e que permite uma produção contínua ao longo de todo o ano. Neste processo produtivo, a planta não é morta: as folhas maduras são retiradas para serem limpas e esmagadas. A seguir, são secas ao sol e trituradas, dando origem a um pó. À mistura obtida em todo este processo pode ser adicionada ao algodão ou ao poliéster reciclado.
“Esta é a hora certa para oferecer alternativas. Cada vez mais os consumidores estão a exigir materiais ecologicamente corretos”, dizem. A indústria da moda é a segunda maior poluidora do mundo, e o couro é grande parte do problema. Aliás, o impacto ambiental das indústrias têxteis e de vestuário começa logo na produção das matérias-primas. O couro e as fibras naturais (seda, algodão, lã) são os materiais com maior impacto, mas o mesmo material pode ser mais ou menos nocivo para o ambiente, dependendo de o seu cultivo ser intensivo ou mais sustentável.