Startups, ponte e colinas unem Lisboa e São Francisco



É verdade que a ponte 25 de Abril, em Lisboa, se assemelha a uma réplica da Bay Bridge (na foto), em São Francisco. Mas já não é só nas pontes, nas colinas e nos eléctricos que as duas cidades se parecem – as semelhanças estendem-se a um ritmo feroz também à inovação tecnológica.

A primeira incubadora de startups no centro de Lisboa, a Startup Lisboa, abriu no ano passado, contando com 600 candidatos para 60 vagas. “Estamos a criar um novo paradigma para a cidade”, disse António Costa.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) conta agregar novos grupos tecnológicos ao longo do rio Tejo, de modo a atrair jovens ansiosos por arriscar, gerando empregos e reavivando o centro da cidade depois do êxodo das empresas desta zona. A aposta é alta e António Costa compete com cidades como Helsínquia, Berlim e Londres que ambicionam tornar-se nas Silicon Valley europeias.

São Francisco e Silicon Valley ascenderam à grandeza tecnológica há décadas, na sombra da Universidade de Standford e das garagens de família onde a HP e a Apple foram criadas. Hoje, existem incubadoras de startups por todo o país, muitas vezes apoiadas por capital de risco.

Em Lisboa, António Costa tem um mapa digital de um “ecossistema startup”, que possui sete incubadoras, algumas das quais apoiadas pela CML. Apesar de não existir muito capital disponível para financiar as empresas, as infra-estruturas ao abandono na cidade proliferam e é essa a sua mais-valia.

Inovação portuguesa a crescer

“Tudo o que precisamos agora é de uma história de sucesso para ser levada a sério”, disse João Vasconcelos, da Startup Lisboa, que acolhe 45 startups num prédio de seis andares que estava desocupado há anos. Vasconcelos defende que esse caso bem-sucedido pode muito bem ser a Muzzley, uma aplicação que permite controlar a televisão, aparelhos domésticos e itens do carro através do smartphone.

A Muzzley conta já com clientes como a Intel, Volkswagen e Portugal Telecom. Os fundadores escolheram sedear a empresa na Startup Lisboa, em vez de Silicon Valley, e afirmam não fazer planos de se mudar para São Francisco – em Portugal, os seus custos são muito mais baixos.

Anthony Douglas, 31 anos, com a sua Hole 19 Smarter Golf, também sedeada na Startup Lisboa, defende que Portugal tem imenso talento de engenharia e design com a mesma qualidade de Silicon Valley – mas a um quarto do preço. “Dada a situação económica, os jovens portugueses estão famintos e motivados para fazer as coisas acontecerem”, disse ele.

Portugal vive tempos de sobrevivência. A crise está a fomentar o surgimento de uma força de trabalho altamente qualificada, que costumava trabalhar para os outros, mas que agora tem de criar os seus próprios projectos.

O financiamento de risco também está a crescer, embora não tenha comparação com o dinheiro disponível em outros lugares. A Portugal Ventures planeia investir €20 milhões (R$ 57 milhões) em startups este ano.

A verdade é que algumas das empresas e ideias emergentes em Portugal têm o potencial de se colocarem ao nível das melhores de São Francisco; as condições para atrair investimento e talento, aqui, são únicas. E o caminho já começou.





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