Temperaturas globais recorde fazem subir consumo de energia em 2024



No ano passado, o consumo de energia a nível global aumentou 2,2%, acima da média de 1,3% entre 2013 e 2023.

A conclusão é do mais recente relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), divulgado esta semana, que avança que grande parte desse crescimento foi sobretudo causado por um aumento de 4,3% do consumo de eletricidade, quase o dobro da média anual dos últimos 10 anos.

“O aumento acentuado do consumo mundial de energia no ano passado foi impulsionado por temperaturas globais recorde”, explica a AIE em comunicado, o que fez disparar o uso, por exemplo, de aparelhos de ar-condicionado para arrefecimento em muitos países.

Além disso, a entidade refere que o aumento do consumo de eletricidade pela indústria, a eletrificação nos transportes e o crescimento dos centros de dados e da Inteligência Artificial foram também fatores determinantes para essa subida em 2024.

Apesar de tudo, o crescimento do consumo de eletricidade foi suportado em grande parte por fontes renováveis, seguidas pelo gás natural.

“Há hoje muitas incertezas no mundo e diferentes narrativas sobre a energia”, reconhece Fatih Birol, diretor-executivo da AIE, mas “o que e certo é que o consumo de eletricidade está a crescer rapidamente, puxando consigo a procura global de energia, de tal forma que é suficiente para inverter anos de declínio no consumo de energia nas economias avançadas”.

Para o responsável, “a forte expansão” das energias solar, eólica e nuclear, a par da eletrificação da mobilidade, “está a aliviar a associação entre crescimento económico e emissões [de gases com efeito de estufa]”.

Entre os combustíveis fósseis, o gás natural foi a fonte de energia cujo consumo mais aumentou em 2024, cerca de 2,7% face à média da última década. Já o petróleo registou um crescimento de consumo de 0,8%, representando, pela primeira vez, menos de 30% de toda a energia consumida.

A AIE aponta que “a rápida e contínua adoção de tecnologias de energia limpa limitou o aumento anual das emissões de dióxido de carbono relacionadas com a energia”.

O aumento das temperaturas por todo o mundo no ano passado, um dos reflexos das alterações climáticas, contribuiu 0,8% para o aumento das emissões globais de dióxido de carbono em 2024, mas Birol acredita que o desenvolvimento e crescente adoção de tecnologias limpas e de fontes de energia renovável ajudarão a manter a tendência positiva de redução de emissões.

“Desde o abrandamento do crescimento da procura global de petróleo e o aumento da utilização de carros elétricos até ao papel em rápida expansão da eletricidade e à crescente dissociação das emissões face ao crescimento global, muitas das principais tendências que a AIE já tinha identificado estão a surgir claramente nos dados relativos a 2024”, aponta o responsável.






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