Tráfico de vida selvagem: Milhões de cavalos-marinhos apreendidos na última década e alguns passaram pela Europa



Entre 2011 e 2021 cerca de cinco milhões de cavalos-marinhos secos foram apreendidos em mais de 60 países. Apesar de considerarem a situação “alarmante”, os cientistas dizem que é apenas “a ponta do icebergue”.

Num artigo publicado recentemente na revista ‘Conservation Biology’, investigadores do Projeto Seahorse, da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, analisaram perto de 300 registos de apreensões de cavalos-marinhos, identificando as principais rotas de tráfico e mostrando que é preciso uma melhor coordenação entre países para combater o comércio ilegal de espécies selvagens.

Embora as maiores quantidades de cavalos-marinhos tenham sido apreendidas em carregamentos transportados em navios, entre 2011 e 2021 o maior número de apreensões foi feito em aeroportos, com os animais escondidos em malas de viagem.

Apesar de existirem leis e regras que têm como objetivo travar o comércio ilegal e insustentável de cavalos-marinhos, e de outras espécies de animais e plantas (todas as 46 espécies de cavalos-marinhos fazem parte da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens, e podem ser comercializadas desde que com a devida autorização), o tráfico ilegal persiste, representando uma ameaça aos esforços de conservação desse grupo de peixes. Estima-se que pelo menos 16 espécies de cavalos-marinhos estejam em risco de extinção.

Sarah Foster, primeiro autora do artigo, argumenta que é preciso combater o tráfico de vida selvagem antes de ele começar, ou seja, nos países e regiões onde as espécies são capturadas, “enquanto, ao mesmo tempo, assegurar que qualquer autorização de exportação é sustentável, como é requerido pela CITES”.

A análise mostra que, ainda que a Ásia, especialmente a China e Hong Kong, continue a ser o principal destino do tráfico de cavalos-marinhos (esses animais, especialmente secos, são muito procurados para fins de medicina tradicional), as rotas do comércio ilegal estão a diversificar-se. Os dados revelam que a América Latina e a Europa estão cada vez mais a ser cruzadas pelas rotas de tráfico em direção aos mercados asiáticos.

Como esta investigação teve por base apenas registos de apreensões disponíveis publicamente online, Foster e a sua equipa consideram que os números apresentados são somente uma ínfima porção de um “problema global” e sugerem que “a verdadeira dimensão do problema do comércio ilegal de cavalos-marinhos provavelmente é muito maior”, estimando-se que várias dezenas de milhões desses animais são traficados todos os anos.

“Embora este estudo ofereça apenas um vislumbre do mundo escondido do comércio ilegal de cavalos-marinhos, mostra claramente que é preciso ação governamental urgente para assegurar um comércio sustentável para populações prósperas de cavalos-marinhos”, destacam.






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