Unesco retira porto de Liverpool da lista de património mundial
A Unesco retirou o porto de Liverpool, Inglaterra, da lista de locais classificados como património mundial devido ao desenvolvimento excessivo das instalações que ameaçam a autenticidade do local.
Treze delegados do Comité do Património Mundial da Unesco, presidido pela República Popular da China, votaram a favor da desclassificação do porto histórico do noroeste de Inglaterra, emblemático da era industrial, no século XIX.
Os novos planos de construção e alterações verificadas no local estiveram na base da decisão: três edifícios de grandes dimensões e um novo estádio de futebol.
O Governo britânico admitiu estar “extremamente dececionado” com a decisão.
“Acreditamos que Liverpool ainda merece ter estatuto de património mundial, dado o papel importante que as docas desempenharam na história e na cidade de forma abrangente”, disse um porta-voz do Governo.
O porto de Liverpool tinha sido classificado em 2004 pela Unesco como património mundial na sequência de um ambicioso plano de recuperação das docas que se encontravam em estado de degradação há várias décadas.
O porto de Liverpool torna-se no terceiro local a ser a retirado da lista da Unesco, depois de decisões semelhantes em relação ao “santuário” de oryx, em Omã, e do vale de Elba, na Alemanha.
O porto foi um importante ponto de partida de emigrantes irlandeses e britânicos e da chegada forçada de escravos africanos, sendo que a Unesco considerava o local como zona com “caráter distinto e único”.
O Conselho Internacional para os Locais e Monumentos, da Unesco, já tinha enviado vários avisos ao Governo britânico, pedindo garantias sobre o futuro da cidade.
Os novos projetos fizeram com que a zona do porto perdesse a autenticidade, sendo que o novo estádio de futebol (Everton), aprovado recentemente pelo Governo sem consulta pública, constituiu “um exemplo totalmente contrário” aos objetivos da Unesco.
Alguns países, entre os quais a Austrália, onde a Grande Barreira de Coral também pode vir a ser desclassificada, pronunciaram-se contra a retirada de Liverpool da lista, considerando que se trata de uma “medida radical” tomada “em plena pandemia do coronavírus”.
O Brasil, a Hungria e a Nigéria defenderam que a decisão devia ter sido adiada para 2022 para que fosse concedido tempo ao novo conselho municipal de Liverpool, que tomou posse no passado mês de maio.
A classificação da Unesco é encarada como um sinal de prestígio e constitui um atrativo turístico encorajando os governos a protegerem os locais históricos e de importância ambiental.
Mesmo assim, o estatuto não é perpétuo, estando as alterações dos locais sob vigilância da Unesco.