Seja um Green Saver: o testemunho de Marco Domingues, fundador do CSS
Marco Domingues, um empreendedor social de 34, aceitou o desafio do Green Savers e partilhou a sua história sustentável. Leia-a de seguida e, porque não, pense em enviar-nos a sua própria experiência sustentável. Saiba como o pode fazer neste link.
“TENHO 34 ANOS. Durante a minha vida, estive próximo do mar, na Cova de Vapor, onde tinha casa, e próximo do campo, onde andava de burro, participava nas vindimas e ia buscar água em cântaros à fonte, por ter de ser racionalizada e um bem precioso.
Não havia água na rede pública durante os meses de verão. Foi no Rochoso, freguesia do concelho da Guarda, que senti que o meu equilíbrio estava junto do mundo rural.
Vivi praticamente sempre em Lisboa, estudava na zona do Bairro Alto e ia dormir à Damaia. Após várias experiências profissionais iniciadas aos 16 anos – vender porta-chaves na rua para apoiar entidades sociais, ser barmen à noite em bares do bairro alto e, durante o dia, na Assembleia da Republica, entre vários outros trabalhos, -sempre tive as preocupações sociais e ambientais presentes e um sentimento de empreendedorismo social muito forte.
Quando conclui o curso de serviço social em 2003, já tinha sido monitor e animador sócio-cultural em bairros sociais e tinha uma significativa experiência pessoal e profissional, mas o meu desejo era afastar-me do grande centro urbano de Lisboa, equilibrar-me.
Tinha-me dedicado a divertir, trabalhar e meditar, mas vivia em desequilíbrio. Há seis anos atrás, decidi que queria ir para o interior, estar perto do campo e da natureza, procurar o que me faltava, a natureza, a paz e serenidade.
Enviei currículos para tudo o que era lado e foi no Verão de 2005, ano de grandes incêndios florestais, que fui chamado para uma entrevista de trabalho na Quinta de Belgais, da célebre pianista Maria João Pires, após a quinta ter sofrido um duro golpe com os incêndios.
Foi com a catástrofe ambiental que surgiu a oportunidade de ficar mais perto da natureza. Na minha curta estadia em Belgais conheci pessoas com desejos comuns, o ambiente, a economia solidária e o desenvolvimento rural, e foi assim que em Dezembro de 2006 foi fundada a Associação EcoGerminar, uma associação de promoção do desenvolvimento local e sustentável, assente na ecologia e na economia solidária, que funcionava com o voluntarismo e dinâmica criada por todos os seus elementos.
Antes da constituição desta associação, com as poupanças financeiras que tinha e um forte espírito ligado ao empreendedorismo social e à experiência em bares, no dia 22 de Abril de 2006 abri, com outros três sócios, em Castelo Branco, o Ambienta Café – Lounge Bar, que comercializava produtos locais, comida vegetariana, chás da região e de empresas de inserção e apenas recorria a fornecedores locais.
O Ambienta Café criou sinergias locais com várias entidades e cidadãos, teve concertos, exposições de telas e fotografias, divulgação de trabalhos académicos, enfim uma multiplicidade de iniciativas de cariz social e ambiental.
Foi no Ambienta Café que foi lançado o embrião do CSS – Comércio Solidário Sustentável, que começou por designar-se CSI – Comércio Solidário de Interior, uma vez que pretendia criar uma marca de valorização dos produtos das regiões do interior, associados à conservação do ambiente, do património cultural e com impacto social pela criação de postos de trabalho, no apoio ao associativismo e no combate à desertificação humana.
O Ambienta fechou em 2009, não resistiu à crise. Foi em 2010 que, com uma candidatura da Associação EcoGerminar à EDP Barragens, baseada na minha tese de mestrado em Economia Social e Solidária do ISCTE, que a associação recebeu um financiamento no valor de 50.000€ para desenvolver um produto promocional designado de Arlampar – Gourmet Solidário do Interior, que resulta dos primeiros produtos com o selo CSS – Comércio Solidário do Interior.
Agora preciso de criar sinergias, fazer crescer a marca, promover este selo para o maior impacto possível na valorização dos produtos e para o consumo consciente e responsável. O CSS precisa de todos, este é o caminho que tenho pela frente, envolver, sustentar e promover a opção de um consumo sustentável, onde a tua opção é o teu contribuo.”
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