Investigador português descobre nova espécie de lagartixa em São Tomé e Príncipe (com FOTOS)
Um investigador português do Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC) e da California Academy of Sciences descobriu uma nova espécie de lagartixa endémica de São Tomé e Príncipe.
A nova espécie foi denominada de Trachylepis adamastor, nome que faz alusão à sua ocorrência num território isolado e longínquo e ao facto de esta lagartixa ser maior do que as restantes espécies de lagartixas. A descoberta da lagartixa-adamastor foi descrita na revista científica Zootaxa.
Ao contrário do habitual, a nova espécie não foi encontrada no seu habitat natural, mas sim preservada em frascos com álcool num dos armários da sala que o Instituto de Investigação Científica Tropical, em Lisboa, dedica às colecções de répteis e anfíbios das antigas colónias ultramarinas. Um dia, ao abrir o armário, o investigador Luís Ceríaco deparou-se com um achado científico esquecido durante mais de quatro décadas.
Dentro do armário, em três frascos etiquetados estavam oito lagartixas que haviam sido recolhidas no início dos anos 70 nas Pedras Tinhosas, outro nome do ilhéu da Tinhosa Grande, 20 quilómetros a sul da ilha do Príncipe. “Esses frascos chamaram-me imediatamente a atenção, por dois motivos: não se conhecia na bibliografia científica qualquer referência a uma lagartixa no ilhéu da Tinhosa Grande, e o animal pareceu-me logo diferente das populações de lagartixas de São Tomé e Príncipe, que tenho estudado”, indica o biólogo, em comunicado do MUHNAC.
Luís Ceríaco é curador das colecções herpetológicas do MUHNAC e bolseiro de pós-doutoramento da Califórnia Academy of Sciences, nos Estados Unidos. Depois de descobrir as lagartixas esquecidas nos frascos, o investigador analisou meticulosamente os espécimes e concluiu tratarem-se uma nova e diferente espécie de lagartixa.
A lagartixa-adamastor habita exclusivamente o ilhéu da Tinhosa Grande, com cerca de um quilómetro quadrado de área. No geral, a nova espécie apresenta-se como uma lagartixa típica, de comprimento considerável (entre os 9,6 e 11 centímetros de comprimento de corpo, excluindo a cauda), corpo robusto e coloração bastante escura. Embora a sua ecologia seja ainda bastante desconhecida, assume-se que se alimenta de alguns insectos e de parasitas existentes nos ninhos das aves marinhas de nidificam no ilhéu. Devido à sua área de distribuição diminuta e o seu grande isolamento geográfico, a espécie pode figurar entre uma das espécies de vertebrados mais amaçados do planeta.
No seguimento da descrição científica de Luís Ceríaco foi já submetido um projecto internacional de modo a que se possam realizar novos trabalhos de campo no ilhéu em questão e se possa estudar com maior detalhe a espécie e contribuir para a sua conservação.
Fotos: Ross Wanless e Luís Ceríaco
[nggallery id=2072 template=greensavers]