Quercus alerta Unesco que parque eólico de Moncorvo coloca em risco Alto Douro Vinhateiro
A Quercus efectuou uma participação à Unesco devido ao facto de o projecto do Parque Eólico de Torre de Moncorvo, previsto para os concelhos de Torre de Moncorvo e Carrazeda de Ansiães, afectar a paisagem na Zona Especial de Protecção do Alto Douto Vinhateiro, classificado como Património Mundial.
“A instalação de 30 aerogeradores com 120 metros de altura é incompatível com a paisagem classificada do Alto Douro Vinhateiro, dado que os aerogeradores são visíveis a dezenas de quilómetros, extravasando os impactes para fora da área de estudo e da Zona Especial de Protecção (ZEP) do Alto Douro Vinhateiro”, explica a organização não-governamental de ambiente (ONGA) em comunicado.
A maior parte da área de estudo está na ZEP do Alto Douro Vinhateiro – Património Mundial classificado pela Unesco, devido ao atributo de Valor Universal Excepcional, pelo que a sua afectação “é muito negativa”.
“Todos os cidadãos, e neste caso em especial os durienses, têm direito à sua herança cultural e paisagística. O Douro é composto por um mosaico de áreas agrícolas, com socalcos e floresta mediterrânica, e não deve ser afectado com uma industrialização da paisagem”, continua a Quercus, que realça que os 30 equipamentos têm uma altura superior a prédios de 30 andares. “Estes elementos artificiais não fazem parte da paisagem nem da cultura do Douro.”
O projecto do parque eólico pode afectar também o turismo, como o turismo rural e o enoturismo na região do Douro Superior, devido à alteração significativa e artificialização da paisagem, o que pode acarretar prejuízos económicos e sociais. O mosaico de áreas agrícolas, com socalcos, associado à floresta mediterrânica dominada por azinhais e sobreirais protegidos, e também o habitat prioritário do zimbral, devem ser conservados.
Segundo a Quercus, para além dos impactes na paisagem e biodiversidade local, resultantes da construção desta infraestrutura, existe igualmente o risco de ruído nas aldeias próximas, tendo sido verificado um receptor para o período nocturno com valor acima do limite legal, o que é preocupante para o bem-estar e qualidade de vida das populações.
Foto: François Philipp / Creative Commons