Crise financeira leva Estados norte-americanos a privatizar prisões
A crise financeira que se vive em vários Estados norte-americanos, entre os quais Florida, Arizona ou Ohio, está a levar a uma onda de privatizações de prisões públicas, noticiou o Financial Times.
De acordo com o jornal, o objectivo dos Estados que recorrem a estas privatizações é reduzir o investimento financeiro nesta área e abrir um novo mercado às empresas do sector.
O FT revela que, só no estado da Florida, serão privatizadas 29 prisões. “Cerca de 5% das prisões da Florida estão já privatizadas. Esta expansão vai elevar este número para um terço”, explicou JD Alexander, um senador republicado que tem sido uma das vozes mais optimistas em relação a este negócio.
Já este ano, o estado do Ohio garantiu 53 milhões de euros [R$ 125 milhões] com a venda de estabelecimentos prisionais públicos. Mas nem todos concordam com esta solução.
“Não há nenhuma poupança [na privatização das prisões]. Disseram aos legisladores e comunidade que iriam salvar milhões de euros por ano, mas já estão 18 milhões de euros [R$ 42 milhões] acima do orçamento”, concluiu John Rivera, presidente da Police Benevolent Association, que se opõe à privatização.
Segundo as contas do FT, há 1,6 milhões de cidadãos presos nos Estados Unidos, sendo que cada um custa 18 mil euros por ano aos contribuintes [R$ 42 mil].
“Dizer que os privados conseguem fazer o mesmo trabalho que as prisões públicas de forma mais barata e ainda com lucro para os seus accionistas é altamente improvável”l, revelou David Fathi, director da American Civil Liberties Union.
As prisões começaram a ser privatizadas em larga escala, no mercado norte-americano, no início dos anos 80, sendo agora o mercado dominado por duas empresas, a Corrections Corporation of America e o GEO Group.
Apesar de todos os hipotéticos benefícios financeiros, a grande questão é saber se, do ponto de vista do cidadão e das comunidades, faz sentido privatizar as prisões. Qual a sua opinião?