Novos parques de estacionamento aumentam trânsito das cidades
O acto de procurar por um lugar para estacionar é um dos grandes riscos da sustentabilidade das cidades, de acordo com o urbanista nova-iorquino Michael Kodransky, do Instituto for Transportation and Development Policy.
De acordo com o responsável, os lugares de estacionamento são os verdadeiros vilões das cidades e do trânsito infernal que nelas existe: quanto mais espaços se criam para os carros, mais carros aparecem para ocupá-los.
Esta constatação é facilmente percebida em cidades portuguesas, ou em qualquer grande metrópole do mundo. No Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, as taxas de motorização são altas e o tempo médio gasto para ir da casa ao trabalho é 31% maior que em Xangai, Nova Iorque, Tóquio e Paris, segundo dados levantados pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Económica Aplicada) brasileiro.
Os estacionamentos, em particular, ocupam espaços valiosos das cidades e as suas vias, afectando de forma negativa o planeamento urbano.
Continuemos no caso brasileiro: uma pesquisa da EY Consultoria, realizada para quantificar as vagas em 15 distritos do centro de São Paulo, mostra que existe lugar para apenas 384 mil carros dos 509 mil que vão para a região diariamente. Ou seja, 125 mil motoristas não conseguem vagas, passando mais tempo no trânsito procurando por elas.
“Quanto mais estacionamentos se criam, mais se prioriza o uso do carro particular nas grandes cidades, que já possuem grande parte de suas áreas projectadas para seu uso e ainda assim sofrem com congestionamentos”, explicou o urbanista americano Michael Kodransky. “Os estacionamentos condicionam comportamentos e escolhas nas cidades, uma vez que todos que conduzem escolhem o carro como meio de transporte pensando em estacionar”, continuou o especialista.
Assim, os estacionamentos deixaram de ser locais cómodos para se tornarem num catalisador dos problemas da mobilidade urbana, um cenário que se repete na maioria das capitais mundiais: excesso de veículos nas ruas, congestionamentos, índices perigosos de poluição do ar e horas perdidas no trânsito atrás de um lugar.
Foto: via Creative Commons