Venda de carros novos a combustão tem que ser proibida a partir de 2035, afirma Agência Internacional de Energia
Para cumprir a meta de emissões líquidas zero de dióxido de carbono até 2050, seria necessário, entre outras coisas, proibir a venda de novos carros a combustão a partir de 2035, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE).
Num relatório publicado na terça-feira que estabelece um roteiro para atingir essa meta até meados do século, a AIE estabelece um ponto final para a comercialização de carros que utilizam hidrocarbonetos mais prematuro do que o que alguns dos grandes países europeus se comprometeram, como o Reino Unido, França ou Espanha, que o preveem em 2040.
A agência também se pronuncia em relação a suspender investimentos em novos projetos de combustíveis fósseis a partir de agora, o que significaria, por exemplo, não avançar na exploração de poços de petróleo, extração de gás ou minas de carvão.
Os autores do relatório estimam que até 2050, a demanda global de energia deve diminuir 8% em relação à atualidade, mas isso não impediria o produto interno bruto mundial de dobrar e a população aumentar em 2 mil milhões.
A redução do consumo de energia seria acompanhada por uma forte expansão das energias renováveis, em particular a solar fotovoltaica, com 630 gigawatts adicionais em 2030, e a eólica, com 390 gigawatts adicionais.
Ao todo, isto se traduziria em quadruplicar o nível recorde que as renováveis já alcançaram em 2020, no calor dos efeitos da pandemia.
A AIE considera que a eletricidade deve ter um peso relativo crescente e quase 90% da sua geração deve ser de origem renovável.
Essas transformações exigem um volume maciço de investimentos, que deveria chegar a 5 triliões de dólares anuais até ao horizonte 2030, o que por sua vez favoreceria a criação de milhões de empregos em energia limpa e contribuiria para elevar o PIB global em 4%.
Para a agência, os planos atuais dos governos para lidar com as mudanças climáticas, mesmo que plenamente respeitados, seriam muito insuficientes para chegar a um balanço líquido de emissões de CO2 até 2050.
Embora o caminho para alcançar esta meta seja estreito, a diretora-executiva, Fatih Birol, ressalta que está ao nosso alcance.
“A escala e a velocidade dos esforços necessários para atingir este objetivo crucial e formidável – a nossa melhor chance de lidar com as alterações climáticas e limitar o aquecimento global a 1,5 graus – talvez tornem este o maior desafio que a humanidade já enfrentou”, afirma Birol.
*Com Agência EFE