Múmias com 4 mil anos da Bacia do Tarim eram de população geneticamente isolada
As múmias encontradas no deserto da Bacia do Tarim, na região de Xinjiang, na China, pertenciam a uma população geneticamente isolada. Ao contrário do que se pensava, de que eram migrantes do oeste que tinham trazido práticas agrícolas para aquela zona, estas pessoas eram indígenas que embora vivendo isolados, interagiam culturalmente com outros grupos vizinhos.
“Apesar de serem geneticamente isolados, os povos da Idade do Bronze da Bacia do Tarim eram notavelmente cosmopolitas do ponto de vista cultural – eles construíram a sua culinária com o trigo e os lacticínios do oeste da Ásia, milho do leste da Ásia e plantas medicinais como a ephedra, da Ásia Central”, explica Christina Warinner, autora do estudo.
A equipa de arqueólogos estudou a ancestralidade e os genomas de treze múmias do cemitério Xiaohe na Bacia do Tarim, que viveram há 3700 e 4100 anos atrás, e também de outras cinco, que viveram há 4800 e 5000 anos atrás a cententas de quilómetros de distância, na Bacia de Dzungarian. Os resultados demonstraram que as cinco pessoas partilhavam, efetivamente, ADN com migrantes da Idade do Bronze das montanhas Altai da Ásia Central, comprovando a teoria anterior. No entanto, as treze pessoas do Xiaohe, eram apenas relacionadas com os grupos de caçadores-coletores que viviam há 9 mil anos no que é hoje a parte norte do Cazaquistão.
As múmias foram encontradas quase intactas nos túmulos, apresentando roupas com tecidos de lã, mas também vestígios de milho, trigo, lacticínios de ovinos, bonivos e caprinos, e ossos de animais. Estas descobertas revelaram que estas populações já tinham práticas agrícolas e pecuárias no seu dia a dia.
“Os corpos foram enterrados em caixões em forma de barco enrolados em couro de gado. O ambiente quente, árido e salgado do deserto os preservou naturalmente, mantendo tudo, desde o cabelo até as roupas perfeitamente intactas. Antes do último estudo, sabíamos muito sobre essas pessoas, fisicamente, mas não sabíamos nada sobre quem eram e por que estavam ali” afirma Alison Betts, arqueóloga da Universidade de Sydney, na Austrália, na Nature.