Tal como os humanos, também os golfinhos falam ‘à bebé’ com as suas crias



É frequente ouvirmos e vermos as pessoas a modificarem a sua forma habitual de comunicarem quando falam com bebés ou crianças pequenas. O chamado falar ‘à bebé’ caracteriza-se, sobretudo, por um registo vocal mais agudo, que se acredita ajudar a captar e manter a atenção da criança.

Uma nova investigação científica vem agora sugerir que os humanos podem não ser os únicos mamíferos a usar essa técnica de comunicação. Num artigo publicado na ‘PNAS’, uma equipa de investigadores descobriu que também as mães golfinho alteram a sua forma habitual de comunicação quando estão com as suas crias.

Golfinho-roaz fêmea com a sua cria, na baía de Sarasota, na Califórnia (EUA).
Foto: Sarasota Dolphin Research Program

Centrando-se em golfinhos-roazes (Tursiops truncatus) que vivem nas águas da baía de Sarasota, no estado norte-americano da Califórnia, os cientistas verificaram que as fêmeas produzem assobios mais agudos e usam uma maior amplitude de frequências quando estavam com as suas crias, comparando com os sons produzidos quando não estão perto delas.

“Os nossos resultados evidenciam em mamíferos não-humanos mudanças nas mesmas vocalizações quando são produzidas na presença versus na ausência de crias”, escrevem os cientistas, acrescentando que estas semelhanças entre os golfinhos e os humanos na forma como alteram a sua comunicação com as crias sugere uma convergência evolutiva. A mesma técnica de comunicação já havia sido detetada em mandarins (Taeniopygia guttata), uma espécie de tentilhão.

Os cientistas admitem, contudo, que a função desse tipo de comunicação não é ainda certa, mas sugerem que possa estar relacionada com “alterações fisiológicas associadas à lactação e/ou ao comportamento parental”.

No artigo, afirmam que essa técnica ocorre em várias culturas humanas, mas que a sua ocorrência em espécies não-humanas está ainda pouco documentada.

“Tem sido bem documentado que os golfinhos são capazes de aprender a produção de vocalizações, que é um aspeto-chave da comunicação humana. Este estudo vem adicionar novas evidências sobre as semelhanças entre os golfinhos e os humanos”, comenta Nicole El Haddad, uma das principais autoras do trabalho.

A investigadora acredita que este estudo pode servir de inspiração para outros cientistas que queiram aprofundar o escasso conhecimento existente sobre a forma como progenitores e cuidadores não-humanos comunicam com as crias que têm a seu cargo.





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