Vinte e cinco ativistas e defensores da terra assassinados no Brasil em 2023



Vinte e cinco defensores da terra foram assassinados no Brasil em 2023, país que ficou apenas atrás da Colômbia (79) em número de mortes de ativistas, informou ontem a Global Witness.

Pelo menos 196 defensores da terra e do ambiente foram mortos em 2023 em todo o mundo, de acordo com um novo relatório publicado hoje pela organização não-governamental (ONG).

Os novos números elevam o número total de assassinatos de defensores da terra e do ambiente para 2.106 entre os anos de 2012 e 2023.

A Colômbia foi o país mais mortal do mundo (com 79 mortes de ativistas) e registou também o maior número de defensores mortos num país num único ano, de acordo com o levantamento feito pela Global Witness. Em seguida está o Brasil, com 25 assassinatos, México e Honduras, que tiveram 18 assassinatos cada um no ano passado.

A ONG destacou que a América Central se tornou uma das zonas mais perigosas do mundo para os defensores do ambiente já que, além das mortes registadas nas Honduras, 10 ativistas também foram mortos na Nicarágua, quatro foram mortos na Guatemala e quatro no Panamá no ano passado.

O levantamento também reiterou que, em todo o mundo, povos indígenas e afrodescendentes continuam sendo alvos desproporcionais, respondendo por 49% do total de assassinatos, além de relacionar os casos à crise climática.

“À medida que a crise climática acelera, aqueles que usam as suas vozes para defender corajosamente o nosso planeta são recebidos com violência, intimidação e assassinato. Os nossos dados mostram que o número de assassinatos continua assustadoramente alto, uma situação que é simplesmente inaceitável”, afirmou Laura Furones, autora principal do estudo e consultora da Global Witness.

“Os governos não podem ficar de braços cruzados; eles devem tomar medidas decisivas para proteger os defensores e abordar os motivadores subjacentes da violência contra eles. Ativistas e as suas comunidades são essenciais nos esforços para prevenir e remediar danos causados por indústrias que prejudicam o clima”, acrescentou a especialista.

A organização não-governamental reconheceu que é difícil estabelecer uma relação direta entre o assassinato de ativistas e interesses corporativos específicos, mas identificou que 25 defensores do meio ambiente foram mortos após se oporem às operações de mineração em 2023.

“No total, 23 dos 25 assassinatos relacionados com a mineração no mundo no ano passado aconteceram na América Latina. Mas mais de 40% de todos os assassinatos relacionados com a mineração entre 2012 e 2023 ocorreram na Ásia – lar de reservas naturais significativas de minerais essenciais vitais para tecnologias de energia limpa”, destacou a Global Witness.

Além de destacar o número de assassinatos de defensores do ambiente, o relatório também citou casos de desaparecimentos forçados e sequestros, táticas pontuais usadas nas Filipinas e no México em particular, bem como o uso mais amplo da criminalização como uma tática para silenciar ativistas em todo o mundo.

A Global Witness também criticou a repressão a ativistas ambientais no Reino Unido, Europa e Estados Unidos, onde considerou que as leis estão cada vez mais a ser usadas como armas contra os defensores do ambiente, e sentenças severas são impostas com mais frequência àqueles que desempenharam um papel nos protestos climáticos.





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