Recolha de animais mortos custa €23 milhões por ano ao Governo português
O SIRCA (Sistema de Recolha de Animais Mortos nas Explorações) custa €23 milhões por ano ao Governo português, de acordo com a Quercus. A ONG ambiental pretende que a aplicação deste sistema seja revista no Orçamento de Estado para 2013, de forma a poupar este investimento e, paralelamente, proporcionar alimento para as aves necrófagas.
“Uma decisão neste sentido permitiria poupanças significativas ao Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAOT) e, ao mesmo tempo, reduziria um dos principais factores de ameaça às espécies necrófagas, a escassez de alimento”, afirma a ONGA.
O SIRCA recolhe das explorações pecuárias cerca de mil cadáveres de ovinos, bovinos, equídeos e caprinos por dia.
Segundo a Quercus, e à medida que as regras sanitárias se foram tornando cada vez mais restritivas, obrigando a que as carcaças dos animais mortos fossem retiradas dos campos para serem eliminadas, criou-se um “problema grave de escassez de alimento para estas aves selvagens protegidas”.
Em Portugal, existem três espécies de abutres, o Grifo (Gyps fulvus), o Abutre-negro (Aegypius monachus) e o Abutre do Egipto (Neophron percnopterus), assim como outras aves com hábitos necrófagos, como a águia-imperial (aquila helíaca adalberti).
“À medida que as atividades agropecuárias foram alterando os ecossistemas naturais, reduzindo a abundância das presas destas aves (veado e o javali, entre outros), estas espécies adaptaram-se às disponibilidades alimentares criadas pelo Homem, representando os animais domésticos associados à agropecuária uma parte significativa da sua dieta alimentar”, continua a Quercus, que apela para que sejam “novamente deixadas as carcaças nos campos”.
De resto, as novas regras europeias facilitam este processo, sendo que países como a Espanha estão já a aplicar directrizes que fixam os princípios relativos à organização dos controlos veterinários dos produtos provenientes de países terceiros, introduzidos na União Europeia.
A alteração mais significativa tem “impacto positivo na conservação destas espécies”, uma vez que possibilita a “não remoção do material de categoria 1 do campo ou das explorações de gado”, podendo as carcaças dos animais mortos permanecer nos locais onde os animais morreram, sempre que a autoridade competente assim o autorize.