Lémures e humanos não envelhecem da mesma forma

Os lémures e os humanos são ambos primatas, descendentes de um antepassado comum que terá vivido há milhões de anos.
Contudo, apesar da proximidade evolutiva, não envelhecemos da mesma forma. Isso foi o que descobriu uma equipa de antropólogos e biólogos, ao estudarem duas espécies de lémures: o lémure-de-cauda-anelada (Lemur catta) e o sifaka da espécie Propithecus coquereli.
O grupo estudou os processos inflamatórios associados à idade nas duas espécies de primatas não-humanos.
Nos humanos, à medida que envelhecemos, instala-se no organismo uma inflamação crónica que pode causar problemas de saúde, como doenças cardíacas, diabetes, osteoartrite e cancro. Pensa-se que é uma condição universal, uma inevitabilidade do envelhecimento, mas estes cientistas acreditam agora que pode não ser bem assim.
Num artigo publicado recentemente na revista ‘Journal of Comparative Physiology’, revelam que nem os lémures-de-cauda-anelada nem os sifakas mostravam sinais de aumento de inflamação com o avanço da idade. Aliás, os lémures-de-cauda-anelada até apresentavam sinais de ligeira diminuição da inflamação.
Se a inflamação associada à idade não é universal nos primatas não-humanos, os investigadores sugerem que também poderá não ser nos humanos.
O estudo teve por base a análise de amostras de urina de lémures em cativeiro, no Lemur Center da Universidade de Duke, nos Estados Unidos da América. A equipa quer agora estudar os mesmos processos em lémures que vivem em liberdade na Natureza.
“Há muitas boas razões para pensar que o envelhecimento pode ser bastante diferente em cativeiro e em meio selvagem, e isso, por si só, dá informações para avaliar até que ponto a inflamação humana é intrínseca ou ambiental”, diz, em comunicado, Elaine Guevara, primeira autora do artigo.