Reabilitação urbana vista como necessária e prioritária



A sustentabilidade e a reabilitação urbana são indissociáveis para o futuro do sector da construção, disse Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN).

O responsável, que falava durante a conferência do GPA “Cidades para as pessoas”, referiu que 470 mil habitações estão superlotadas em Portugal, há uma habitação para cada 16 pessoas, que estão em risco de pobreza, e cerca de 260 mil casas precisam de intervenção urgente.

Segundo um estudo da AICCOPN, realizado pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEUP) e citado por Reis Campos, serão precisos 38 mil milhões de euros para reabilitar os mais de 900 mil edifícios de habitação que necessitam de ser reparados.

“Ao todo, 27% dos prédios nacionais precisam de obras, sendo que 11,4% estão muito degradados ou requerem reparações médias ou grandes. Portanto, a verba de 600 milhões de euros, a ser disponibilizada pelo Governo no Portugal 2020 para a reabilitação urbana, não é nada”, considera Reis Campos.

“Durante muito tempo perdemos a oportunidade de reabilitar as nossas cidades. Deixamos degradar o património habitacional”, concluiu o responsável, prevendo, ainda, que o “investimento na reabilitação vai ser privado, mas é preciso ter o Estado ao lado da indústria da construção”. “Estamos muito longe de uma Europa em que a reabilitação urbana representa 37%”, destacou.

Por outro lado, Ricardo Guimarães, do Confidencial Imobiliário, evidenciou que o mercado de compra e venda está a recuperar o sentimento de confiança, apontando para estabilização dos preços, e que no arrendamento observa-se uma menor dinâmica na oferta, contribuindo para travar a queda nas rendas.

Ainda de acordo com Ricardo Guimarães, “a reabilitação é uma realidade em Lisboa, com 90% dos edifícios e 81% dos fogos licenciados”. Durante o primeiro painel de debate, a opinião foi unânime que “ainda há muito para fazer em Portugal” e que a reabilitação urbana é necessária e prioritária.

Para Pedro Rutkowski, CEO da Worx, o “activo imobiliário é um excelente investimento”. Mas há que ter em atenção que “a reabilitação tem de ser pensada também fora dos centros urbanos”.

Citando um estudo que a Worx publicou sobre o mercado de residências universitárias, Pedro Rutkowski referiu que o alojamento de estudantes é um nicho de mercado com grande potencial, não só devido ao interesse que suscita em termos de desenvolvimento, como também devido à existência de vários imóveis no País que podem ser adaptados para o segmento.

Já Isabel Santos, administradora executiva da Ecochoice, referiu que “usar os recursos de forma racional é hoje uma prioridade transversal a todos os sectores de actividade e que é importante criar soluções e estratégias para atingir a sustentabilidade nos edifícios e território.

Também Rui Fragoso, da Direcção de Edifícios da ADENE – Agência para a Energia,  frisou que a eficiência energética “não pode passar ao lado da reabilitação urbana”. “O património carece de melhorias. Está muito aquém dos níveis de eficiência que são possíveis de atingir e, por isso, precisa de um forte investimento, sendo que uma parte do trabalho está facilitada, uma vez que temos um património bem cadastrado, com conhecimento das áreas em que se deve apostar”, referiu Rui Fragoso.

A existência de realidades díspares de norte a sul de Portugal foi outra das conclusões do painel “Reabilitação urbana”. “A realidade de Lisboa no que toca à reabilitação urbana não é a realidade do país. Precisamos de aprender, partilhar experiência e transpor os bons exemplos de Lisboa para outras áreas”, concluiu Salvador Ferreira da Silva, da Câmara Municipal de Ovar.

A terceira Conferência do GPA contou com o patrocínio da Renault e o apoio da Adene – Agência para a Energia, Brisa e Sociedade Ponto Verde.

 





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