New York Times destaca património rupestre do Côa



O New York Times (NYT) esteve no Vale do Côa e a paisagem paleolítica da região preencheu as páginas da edição de 29 de Abril. Num artigo publicado na secção dedicada ao Ambiente, o jornal norte-americano dá a conhecer o cenário rochoso, “herança da Idade do Gelo”, que esteve em risco de ficar submerso pela água da barragem do Côa.

Uma herança da Idade do Gelo que quase se perdeu” é o título do artigo que percorre o Parque Arqueológico do Vale do Côa, “considerado o maior conjunto do mundo de arte rupestre ao ar livre, no vale do rio Côa”. Como salienta o texto do NYT, antes das descobertas arqueológicas de Foz Côa, os especialistas “acreditavam que seria impossível descobrir arte do período paleolítico ao ar livre que tivesse sobrevivido até aos dias de hoje”.

“Há algo de especial no Côa”, afirmou Thierry Aubry, um arqueólogo que trabalha no Museu do Côa, ao diário norte-americano, destacando que ao contrário das gravuras que se encontram noutros locais, estas imagens foram esculpidas ao ar livre. A descoberta da arte rupestre do Vale do Côa permitiu aos arqueólogos perceber que, ao contrário do que se pensava, estas gravuras nem sempre seriam feitas dentro de grutas. A hipótese que se coloca é que a maior parte destes vestígios a céu aberto tenha desaparecido por acção humana e dos elementos naturais.

João Zilhão, outro arqueólogo que trabalha no parque, explicou ao NYT que as gravuras do Côa são muito sofisticadas para a época e que não tinham simples motivações religiosas ou místicas. Os arqueólogos acreditam que estas imagens eram gravadas para assinalar, por exemplo, as zonas de caça entre os grupos nómadas que circulavam na Península Ibérica.

No artigo, o jornal elogia ainda o percurso oferecido aos visitantes e a oportunidade de fazer visitas guiadas nocturnas ao local, com recurso a luzes que iluminam as gravuras rupestres.

Mas se por um lado o texto do NYT destaca a paisagem natural e artística do Vale do Côa, por outro relembra a “batalha” travada para deter a construção da barragem do Côa, que ameaçava submergir a arte pré-histórica ali encontrada. Graças aos protestos, a construção foi travada e o Côa foi considerado, em 1998, parte do Património da Humanidade, pela Unesco.

Foto: João Leitão / Creative Commons





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