África: cabaças são um exemplo na reutilização de objectos (com FOTOS)



No Níger, país que fica no topo Norte de África, uma cabaça não é apenas uma abóbora: sim, ela é comida, mas também reciclada e transformada em objectos úteis. “Já são poucos os artesãos que resistem à invasão dos plásticos chineses, mas ainda encontramos alguns nos mercados de Agedez e Zinder”, explica a portuguesa Ana Mineiro, que se apaixonou pelo Níger e conta algumas das suas histórias de viajante no site Comedores de Paisagem.

Nele, Ana mostra como os artesãos nigerinos transformam as cabaças já vazias. O trabalho consiste em secar e escavar as carcaças destas parentes das nossas abóboras – umas comestíveis, ou não – e fazer taças, colheres e recipientes. Por vezes também se recorre à costura e croché com fibras de folha de palmeira, enquanto o fruto ainda está mole, para reforçar e embelezar o objecto ou optimizar as suas funções, acrescentando uma tampa ou pega, por exemplo.

“A utilização mais criativa que vi da cabaça” – conta Ana Mineiro – “foi como instrumento musical: mergulhada ao contrário num balde cheio de água e percutida com um chinelo de plástico. Fazia um belíssimo acompanhamento para as palmas e cânticos das festas tuaregues”.

No Níger, o local onde estes objectos são vendidos funcionam como as próprias fábricas dos artesãos. Ou seja, os clientes podem perceber como eles são feitos e terminados. “Acontece em grandes mercados, como os de Agadez ou Zinder. Os preços pedidos são irrisórios. São leves, bonitas e irresistíveis, mas atenção, não são inquebráveis”, admite a viajante portuguesa.

Segundo Ana Mineiro, África deve ser “o continente mais deve ser o continente mais eficiente em termos de reciclagem”. “Não só é normal usar várias vezes o mesmo objecto (mesmo depois de ter perdido as asas, estar roto ou deformado), como se transforma uma coisa em outra com a maior das facilidades. As razões, infelizmente, não são as melhores, relacionando-se sempre com a penúria extrema de uma boa parte da população – mas a criatividade e a arte são, simplesmente, invejáveis”.

Para além do Níger, podem encontrar-se exemplos desta criatividade de reciclagem na América do Sul ou China. Mas, enquanto nestes locais ela é considerada artesanato, é em África que estes objectos ganham um uso comum – e indispensável ao dia-a-dia.

Leia todas as histórias de Ana Mineiro no Comedores de Paisagem.





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