Alemanha prepara-se para autorizar a fracturação hidráulica



O Governo alemão apresentou um projecto de lei que deverá permitir a exploração comercial de gás de xisto a profundidades superiores a 3.000 metros, o que poderá pôr fim a uma moratória que vigora desde o início da década que limitava a fracturação hidráulica.

Com a nova proposta, a extracção de gás de xisto será autorizada fora das zonas húmidas protegidas, ou seja em 86% do território alemão. A proposta foi bem recebida pelos grupos da indústria do xisto mas os ambientalistas apressaram-se a criticar a medida.

Segundo escreve o Guardian, altos funcionários do Governo de Ângela Merkel indicam que a proposta – que havia já sido debatida no parlamento em Julho passado – é uma medida para proteger o ambiente e que é totalmente alheio às preocupações de segurança energética intensificadas pelo conflito entre a Rússia e Ucrânia.

“É importante ter um enquadramento legal para a fracturação hidráulica, já que até à data não há qualquer legislação sobre o assunto”, afirma a presidente da agência federal ambiental alemã, Maria Krautzberger ao diário britânico. “Havia um acordo voluntário com as grandes empresas para que não houvesse fracturação, mas se uma empresa como a Exxon quisesse podia fazê-lo à vontade pois não existe nada que a proíba”, acrescenta Krautzberger.

Ao novo projecto de lei proíbe a extracção de gás de xisto e de metano de carvão em profundidades inferiores a 3.000 metros. A exploração deste recurso poderá ser feita a profundidades menores caso se destine a fins comerciais e estará sujeita à aprovação de um painel de peritos.

Os ambientalistas ficaram alarmados, porém, quando perceberam que metade dos peritos do painel pertence a instituições que assinaram a Declaração de Hanôver, que defende uma maior exploração do gás de xisto na Alemanha como forma de aumentar a segurança energética do país.

“É claro o que vão dizer estas pessoas. O painel não vai ser independente, mas exactamente composto pelo que as empresas querem”, afirma José Bové, eurodeputado francês pelos Verdes. “Não é preciso um painel para se saber que o gás de xisto é perigoso. Sabe-se dos problemas relacionados com a poluição da água, os tremores de terra e as emissões de metano. É necessário que as pessoas protestem antes de a exploração começar”, indica o eurodeputado.

Estima-se que a Alemanha tenha reservas de gás de xisto no valor de 2,3 biliões de metros cúbicos. A indústria interessada indica que a exploração deste recurso pode ajudar na transição da energia fóssil, nuclear e do carvão para as energias renováveis.

Foto:  foeeurope / Creative Commons





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