Almaraz na agenda dos partidos e do governo



Enquanto o partido Os Verdes lidera a contestação parlamentar à construção de um armazém de resíduos nucleares em Almaraz, localidade espanhola que fica próximo da fronteira portuguesa, o governo anuncia para próxima semana reunião com espanhóis.

“O Governo espanhol decidiu construir um armazém de resíduos nucleares, ignorando completamente Governo e população portugueses. A central está em funcionamento a escassos 100 quilómetros da fronteira e o sistema de arrefecimento é feito através de águas do rio Tejo. São evidentes os impactos transfronteiriços de um projecto daquela natureza”, afirmou hoje Heloísa Apolónia, líder do partido Os Verdes.

A deputada ecologista condenou, em declarações feitas no Parlamento, o facto de não terem sido “observadas as normas relativas aos projectos transfronteiriços”. Referindo ter entregue às diversas bancadas um texto sobre o assunto, Heloísa Apolónia comentou ainda que “o Governo [português] não foi tido nem achado nesta matéria, numa atitude profundamente indecente do Governo espanhol para com Portugal”. A central nuclear de Almaraz, recordou aquela deputada, “foi construída nos anos 70, entrou em funcionamento em 1981 e o seu segundo reactor em 1983″, sendo “a mais antiga de Espanha” e com prazo expirado desde 2010.

Por seu turno, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, disse hoje que Portugal e Espanha estão “a trabalhar intensamente” para que os ministros do Ambiente dos dois países tenham uma “reunião útil” na quinta-feira sobre a central de Almaraz.

O ministro frisou também que há “vários dias decorrem diligências diplomáticas” para se apurar se “a reunião que está marcada para o dia 12 [em Madrid] é uma reunião com sentido útil”. E precisou: “Não ter sentido útil é reunir sobre decisões que estão tomadas. Ter sentido útil é uma reunião em que os ministros possam discutir frente-a-frente os argumentos, a razão de ser, procedimentos a adoptar, as medidas de remediação, se acaso houver”, acrescentou.

Foto: Foro Nuclear / via Creative Commons





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