Alterações climáticas deverão aumentar vulnerabilidade da água que abastece Lisboa
Os estudos climáticos feitos até à data apontam para vários cenários futuros, mas o consenso será para um planeta com temperaturas mais elevadas, secais e inundações mais severas e abundantes, aumento do nível da água do mar, entre muitas outras consequências. Aliado aos efeitos do aquecimento global está ainda o aumento da população, que não deverá parar de aumentar até ao final do século. Perante estes cenários climáticos e demográficos, os recursos hídricos estarão cada vez mais vulneráveis e sobre um maior stress.
Foram estas vulnerabilidades que a Empresa Pública das Águas Livres (EPAL) quis perceber, nomeadamente no que toca aos reservatórios utilizados para abastecer a região metropolitana de Lisboa. Para tal promoveu o desenvolvimento do projecto Adaptaclima-EPAL que, através da colaboração com universidades portuguesas, conseguiu identificar as vulnerabilidades nos reservatórios de água consequentes das alterações climáticas que irão ocorrer até ao final do século.
O resultado do estudo – com a coordenação científica de Filipe Duarte Santos e Maria João Cruz, contando ainda com a colaboração de vários académicos de diferentes universidades – é o livro “Contribuição para o Estudo das Alterações Climáticas e Adaptação do Ciclo Urbano da Água”. A obra foi apresentada esta segunda-feira durante o Congresso Mundial da Água, que junta mais de 5.000 especialistas e profissionais do sector em Lisboa até ao dia 26 de Setembro. O evento é organizado pela Associação Internacional da Água a cada dois anos.
A principal conclusão do estudo, baseado em modelos demográficos, uso dos solos e alterações climáticas, aponta para um “aumento da vulnerabilidade das diversas origens do sistema” de abastecimento de água da EPAL até ao final do século. Contudo, o estudo refere ainda que o sistema de abastecimento da EPAL evidencia, actualmente, uma elevada resiliência a eventos climáticos. “A vulnerabilidade actual das diversas origens do sistema em termos de qualidade ou quantidade da água fornecida é, na generalidade dos casos, baixa, para ocorrências de eventos como secas, cheias, incêndios florestais ou intrusão salina”, lê-se no livro.
As soluções destacadas pelo estudo para que a EPAL possa assegurar um normal abastecimento de água aos consumidores terá de passar futuramente por uma alteração da oferta de água, alteração da procura de água, reforço dos processos e competências internas, alteração das relações institucionais com outros agentes ao mesmo tempo que são garantidas a qualidade da água e a protecção das captações e demais infra-estruturas.
Foto: juniordiviroydi / Creative Commons
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