As 7 razões que levam a SPEA a vetar a barragem do Tua



São sete as razões que levam a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves a criticar a construção da barragem do Tua, um projecto que, de acordo com a ONG, levará à “destruição do Vale do Tua, um dos últimos rios da Europa em estado natural e um dos mais belos de Portugal”.

Para tornar pública esta posição, a SPEA lançou um manifesto, apoiado por dezenas de personalidades públicas e que defende a “paragem imediata das obras em Foz Tua, antes qe sejam cometidos danos irreparáveis sobre um património de inestimável valor social, ecológico e que é parte da herança cultural portuguesa”.

Veja os sete principais argumentos deste Manifesto pelo Tua. E se o leitor tiver outro argumento contra a construção desta barragem, escreva-o  neste site, no Facebook ou Twitter.

1.Não cumpre os objectivos. O Foz Tua faz parte do Programa Nacional de Barragens, que produziria no seu conjunto 0,5% da energia gasta em Portugal (3% da electricidade), reduzindo apenas 0,7% das importações de energia e 0,7% das emissões de gases de efeito de estufa. Foz Tua contribuiria com uns míseros 0,1% da energia do País (0,6% da electricidade), evitando 0,1% das emissões e das importações de energia.

2. É inútil. As metas do Programa já foram ultrapassadas com os reforços de potência em curso: a curto prazo disporemos no total de 7020 MW hidroeléctricos instalados (o Programa pretendia alcançar os 7000 MW), dos quais 2510 MW equipados com bombagem (o Programa previa chegar a 2000 MW), sem nenhuma barragem nova.

3. É cara. As novas barragens, se avançarem, custarão cerca de €16 mil milhões (R$39,4 mil milhões), que os cidadãos vão pagar na factura eléctrica e nos impostos — uma média €1.600 (R$3.947) por português. Com estas barragens, durante os 75 anos das concessões, as famílias e empresas pagarão uma electricidade 10% mais cara (em cima dos aumentos já previstos), a favor das empresas eléctricas, grandes construtoras e banca.

4. Há alternativas melhores. Todos os objectivos de política energética podem ser cumpridos de forma muito mais eficaz e mais barata com opções alternativas, destacando-se duas medidas: (i) investimentos em eficiência energética, com custo por kWh 10 (dez) vezes menor que novas barragens; e (ii) reforço de potência das barragens existentes, com custo por kWh 5 (cinco) vezes menor que novas barragens.

5. É um atentado cultural. A albufeira de Foz Tua destruirá a centenária linha ferroviária do Tua, um vale com paisagens naturais e humanas de rara beleza, com elevado valor patrimonial e turístico, e põe já hoje em causa a classificação do Alto Douro Vinhateiro como Património da Humanidade — dificilmente a UNESCO irá tolerar a desfaçatez e a insensibilidade demonstradas pelo Estado Português e pela EDP.

6. É um atentado ambiental. A albufeira de Foz Tua destruirá irreversivelmente solos agrícolas e habitats ribeirinhos raros, porá em risco espécies ameaçadas e protegidas, criará riscos adicionais de erosão no litoral devido à retenção de areias, e provocará inevitavelmente a degradação da qualidade da água.

7. É um atentado social. A barragem será o fim das comunidades já empobrecidas do Tua, e mais um golpe nas perspectivas de desenvolvimento de Trás-os-Montes, pela perda da mobilidade ferroviária e de produtos turísticos valiosos como os desportos de águas bravas e a ferrovia de montanha. Criar um emprego permanente no turismo é 11 (onze) vezes mais barato que um emprego na barragem. As migalhas espalhadas pela EDP nunca compensarão a destruição dos valores e identidade desta maravilhosa região.





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