Banco Barclays vai construir cidade para 100.000 pessoas no deserto



O banco britânico Barclays vai financiar a construção de uma cidade para 100.000 pessoas, a construir de raiz nos subúrbios de Albuquerque, em pleno deserto do Novo México, Estados Unidos. A cidade vai chamar-se Santolina, erguer-se num terreno onde hoje existem dunas e terá 38.000 casas – será do tamanho da segunda maior cidade do estado norte-americano, Las Cruces e maior que a capital, Santa Fe.

A cidade terá espaços comunitários, escolas, escritórios, um centro e vários bairros à volta do seu coração. Com 5.500 hectares, Santolina ficará a 10 minutos do centro de Albuquerque, a cidade mais populosa do Novo México, mas a sua construção está a preocupar a população local, sobretudo os agricultores.

É que a comunidade, tal como outras nos Estados Unidos, está a sofrer com a seca constante e falta de água crónica. Uma nova cidade, construída de raiz para 100.000 pessoas, não será uma boa notícia para a escassez hídrica.

O projecto irá trazer água do Rio Grande, da qual depende a comunidade. “Esta urbanização será construída à custa de água preciosa para os agricultores e das pessoas que aqui vivem”, explicou ao Guardian Virginia Necochea, directora do Center for Social Sustainable Systems e que faz parte do Contra Santolina, um grupo que se opõe à nova cidade.

Segundo as autoridades, existe água suficiente para fornecer o projecto e servir as comunidades. Ainda assim, a Albuquerque Bernalillo County Water Utility Authority, que gere a água na área metropolitana de Albuquerque, alertou que a aprovação do projecto terá de ter em conta as medidas de conservação de água e da sua reutilização.

No entanto, os membros da Contra Santolina estão convencidos que o Novo México vai passar por uma mega seca sem paralelo nos últimos 1.000 anos. Em Fevereiro, um estudo da Columbia University’s Earth Institute admitiu que, a partir de 2050, a seca vai começar a piorar – é nessa data que Santolina deverá receber mais habitantes.

Em South Valley, zona rural de Albuquerque onde mais de 20% dos habitantes vive abaixo da linha de pobreza, a água é um bem escasso. “Esta é a zona mais pobre da região. Não há escolas, existem gangs, abuso de drogas, mas temos dois grandes recursos: terra e água. Esta é a herança que deixaremos às nossas crianças. É o nosso futuro”, resumiu Santiago Maestas.

O Oeste barato

Há muito que existem vários planos de urbanizações e novas cidades à volta da histórica Auto-Estrada 66 – terrenos baratos – mas a crise colocou a estratégia em stand-by. Durante estes anos, mais de 21 projectos desenvolvidos pela SunCal, imobiliária que comprou os terrenos em 2007, faliram. O Barclays, credor da SunCal, pegou nesta propriedade e, juntamente com dois outros investidores, criou uma nova entidade, a Western Albuquerque Land Holdings, para tratar do próprio desenvolvimento urbanístico.

Segundo explica o site da nova cidade, a população deverá chegar aos 400.000 em 2040. Mas há quem critique o investimento e há números para o provar. De Junho de 2013 a Julho de 2014, a área metropolitana de Albuquerque cresceu 0,1% – cerca de 1.242 pessoas. Onde estão as outras 399.000 para popular Santolina?





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...