Brasil é o país lusófono melhor classificado no índice de conservação da BioDB
O Brasil é o país lusófono melhor classificado no Índice de Conservação da Natureza (NCI, sigla inglesa) de 2024 – 30.º entre 180 países –, compilado pela BioDB, plataforma na Internet dedicada à conservação da biodiversidade.
Luxemburgo (70,8 pontos em 100), Estónia (70,5) e Dinamarca (69) ocupam, por esta ordem, os lugares de topo no índice consultado hoje pela Lusa, que se apresenta como uma “avaliação aprofundada” sobre 25 “indicadores críticos”, desde a cobertura de áreas protegidas e espécies ameaçadas, até à legislação de conservação e tendências futuras para a biodiversidade.
“Para criar o NCI, reunimos dados de fontes fidedignas como a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) e o Banco Mundial”, explicam os investigadores, liderados por Assaf Levy, fundador da plataforma, em colaboração com a Universidade Ben-Gurion do Negev, Israel.
Assai Levy justificou o estudo como uma forma de “simplificar” dados, tornando-os “digeríveis”, para abordar temas como a extinção de animais, que considera serem ignorados pelos ‘media’ e redes sociais, e ajudar autoridades locais na proteção de biodiversidade.
Quanto aos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), o Brasil surge em 30.º lugar (61,2 pontos) e, na análise detalhada, o estudo indica que “proteger a Amazónia brasileira é crucial para a biodiversidade global e para a mitigação das alterações climáticas, mas, atualmente, estas despesas com conservação não são claras”.
Moçambique surge em 52.º lugar (58,7 pontos), com uma avaliação positiva dos esforços e programas para proteger espécies e habitats, mas ressalvando que “a biodiversidade enfrenta inúmeras ameaças, exacerbadas pelas atividades humanas, históricas e prevalecentes”.
Em Timor-Leste, 59.º lugar (57,86 pontos), “os principais fatores de declínio da biodiversidade são a sobre-exploração e utilização insustentável dos recursos naturais, juntamente com a degradação e fragmentação do habitat”, alerta o trabalho, que aponta também riscos derivados das alterações climáticas.
Guiné-Bissau está na 72.ª posição (56,71 pontos), mas “enfrenta desafios significativos na protecção dos recursos naturais: as áreas protegidas são monitorizadas de forma inadequada, o que conduz à exploração ilegal e à caça furtiva”, tudo agravado pela pobreza.
Angola, 74.º lugar (56,62 pontos), tem dado passos numa Estratégia Nacional de Biodiversidade, nota-se no índice, realçando a sua necessidade face a inúmeros desafios: “práticas de pesca que levaram ao declínio das espécies exploradas, rápida urbanização, produção de petróleo ‘offshore’, extinção de mangais, poluição industrial e ausência de áreas de conservação marinha”.
Portugal, está em 78.º lugar (56,2 pontos) com “perda e degradação de habitats, efeitos das alterações climáticas, espécies exóticas invasoras e práticas humanas insustentáveis”, não obstante políticas alinhadas com a proteção ambiental.
No índice nota-se ainda que “falta de sensibilização e esforços de conservação insuficientes dificultam a proteção eficaz da biodiversidade de Portugal”.
São Tomé e Príncipe, surge no 141.º lugar (51,1 pontos), como resultado de “pressões sobre a biodiversidade causadas pela perda e degradação de habitats, desenvolvimento agrícola em grande escala, projetos de infraestruturas, exploração de recursos madeireiros e produção de vinho de palma”.
Em Cabo Verde, no 154.º lugar (50,2 pontos), as atividades humanas têm destruído habitats e “continuam a exercer pressão sobre a biodiversidade terrestre”, aponta-se no índice, alertando para “espécies invasoras, fragmentação do ecossistema, falta de gestão e de sensibilização”.
“Nos ambientes marinhos, a pesca, o turismo, a recreação e os transportes também representam ameaças significativas” num arquipélago em que o turismo é motor da economia.