Cascas de ovo podem ser a resposta para os sistemas de baterias de energia renovável



As cascas de ovos de galinha podem ser a resposta para o desenvolvimento de sistemas de armazenamento de baterias recarregáveis mais seguros, sustentáveis e económicos, de acordo com uma nova investigação.

O Professor Associado da Universidade de Murdoch, Manickam Minakshi Sundaram, do Centro de Água, Energia e Resíduos do Instituto Harry Butler, desenvolveu com sucesso um novo mecanismo associado a materiais de elétrodos e eletrólitos, oferecendo uma alternativa às dispendiosas e pouco práticas tecnologias de armazenamento de energia do passado e do presente.

“Descobrimos que as cascas de ovos de galinha podem ser utilizadas como elétrodos – um condutor de eletricidade – para alimentar baterias. As cascas de ovo contêm um elevado nível de carbonato de cálcio e, quando são cozidas e esmagadas, a sua composição química altera-se e tornam-se um elétrodo e um condutor de energia mais eficiente”, afirmou Minakshi.

Segundo o investigador, “as atuais baterias de iões de lítio utilizadas para o armazenamento de energias renováveis utilizam normalmente combustíveis fósseis” e a “reutilização de um produto de biorresíduos como as cascas de ovo pode acrescentar um valor considerável ao mercado das energias renováveis”.

“Oferecem também uma opção potencialmente mais segura, uma vez que as atuais tecnologias de baterias de lítio são de elevado custo e potencialmente inseguras em caso de falha catastrófica”, acrescenta.

Numa altura em que o mundo continua a dar prioridade às fontes de energia renováveis, este avanço marca um passo significativo, oferecendo esperança num futuro mais verde e mais sustentável.

O estudo, realizado por Minakshi no âmbito da sua tese de doutoramento na Universidade de Flinders, centrou-se no desenvolvimento de elétrodos sustentáveis para a tecnologia de armazenamento de energia à base de água.

Casca do ovo contem uma série de compostos químicos ativos que podem ser utilizados

“As implicações deste estudo vão para além da descoberta científica”, afirmou Minakshi, sublinhando que “os ovos de galinha e produtos afins são utilizados em grandes quantidades nos sectores da transformação e fabrico de alimentos, nos agregados familiares, na indústria da nutrição e até na indústria farmacêutica, mas as suas cascas são normalmente enviadas como resíduos sólidos para aterros”.

No entanto, acrescenta, “a casca do ovo e as membranas da casca contêm uma série de compostos químicos ativos que podem ser utilizados”.

Segundo Minakshi, a reversibilidade desta nova abordagem “permite o armazenamento e a recuperação eficientes de energia “e o estudo “demonstra que os eletrólitos aquosos de lítio e sódio altamente condutores, com concentrações variáveis de sal, têm o potencial de substituir as atuais pilhas primárias não recarregáveis”.

“A descoberta promete uma elevada capacidade energética, um ciclo de vida longo e um preço acessível para as baterias aquosas”, assegura.

Ao incorporar aditivos adequados, tais como polímeros redox biodegradáveis, boreto/sulfureto de titânio (TiB2, TiS2) ou compostos de óxido de bismuto (Bi2O3), os eléctrodos podem ser modificados para melhorar o seu desempenho.

“As aplicações potenciais desta descoberta são imensas”, afirmou Minakshi, sublinhando que “poderíamos fazer a transição de uma economia linear para uma economia circular, reduzindo, reutilizando e reciclando os resíduos, melhorando o desenvolvimento sustentável e abordando a gestão de resíduos”.

Os estudos sobre materiais de elétrodos sustentáveis foram também alargados a outros resíduos biológicos, incluindo quitosano derivado de crustáceos, casca de sementes de manga e bagaço de uva proveniente de adegas. A partir destes resíduos biológicos, foi obtido carbono dopado com N, que apresenta um excelente desempenho eletroquímico.





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