Comissão Europeia quer multiplicar por 10 instalação de capacidade eólica marítima na UE



A Comissão Europeia propôs hoje multiplicar por 10 o número de parques eólicos ‘offshore’ instalados na União Europeia (UE) no ano passado, para 12 GW por ano, visando reforçar o setor comunitário face a concorrentes como da China.

“Em 2022, a capacidade instalada ‘offshore’ acumulada da UE-27 ascendia a 16,3 gigawatt [GW]. Isto significa que, para colmatar o fosso entre os 111 GW autorizados pelos Estados-membros e a capacidade de 2022, temos de instalar quase 12 GW/ano em média – ou seja, 10 vezes mais do que os novos 1,2 GW instalados no ano passado”, indica a instituição.

Em causa está uma proposta hoje divulgada à imprensa para um Plano de Ação Europeu para a Energia Eólica, no âmbito do qual Bruxelas propõe “redobrar os esforços para apoiar especificamente o setor das energias renováveis marítimas”.

Vincando que a energia eólica marítima pode dar “um contributo significativo para os objetivos climáticos e energéticos da UE nos próximos anos”, a Comissão Europeia propõe-se então a “reforçar a infraestrutura da rede e a cooperação regional, acelerar o licenciamento, assegurar um ordenamento integrado do espaço marítimo, reforçar a resiliência das infraestruturas, apoiar a investigação e a inovação e desenvolver as cadeias de abastecimento e as competências”, como medidas incluídas no plano de ação.

A energia eólica – tanto em terra (que equivale a 92% da capacidade eólica instalada) como no mar – é crucial para a produção elétrica na UE, tendo sido responsável por fornecer em média 16% da eletricidade consumida no espaço comunitário.

Até à data, as instalações eólicas instaladas na UE têm sido fornecidas principalmente pelo setor nacional de produção de energia eólica, sendo que os principais fabricantes europeus representaram 85% do mercado de energia eólica da UE (94% no setor ‘offshore’).

Ainda assim, a quota de empresas europeias no mercado mundial caiu de 42% em 2020 para 35% em 2022, principalmente pela rápida aposta chinesa e, atualmente, das 10 maiores empresas de fabrico de turbinas eólicas do mundo (que cobrem mais de 80% da procura de turbinas eólicas ao nível mundial), quatro têm a sua sede na UE e outras quatro estão localizadas na China.

Precisamente para melhorar a concorrência face a concorrentes como da China, “o plano de ação incluirá medidas para resolver os estrangulamentos que dificultam o reforço e a expansão da rede”, de acordo com Bruxelas.

Isso inclui “a partilha transfronteiriça dos custos e a produção, crucial para ajudar a desbloquear um maior número de projetos eólicos em terra e no mar, desencadear o investimento em projetos eólicos nos Estados-membros costeiros e em infraestruturas de transporte para regiões sem litoral na Europa e, desta forma, criar uma procura adicional de equipamento eólico”, acrescenta a instituição na comunicação hoje proposta.

O setor eólico europeu depara-se ainda com problema de acesso a matérias-primas, como o cobre, os minerais de terras raras, o aço, o níquel, a fibra de vidro ou o silício, estando a UE dependente de países terceiros (como a China) para o fornecimento.

Estima-se que todo o setor eólico da UE seja responsável por entre 240 mil a 300 mil empregos diretos e indiretos na UE, e cerca de 45 mil (28% dos empregos diretos) estão localizados em fabricantes de turbinas e componentes.





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