Fredrik Hagblom, Greenely: “Podemos ajudar a reduzir o consumo energético”



Quando preparavam a sua tese de mestrado no Royal Institute of Technology de Estocolmo, na Suécia, três estudantes – hoje engenheiros – decidiram criar um conceito de cidade inteligente que pudesse convencer os cidadãos a promoverem estilos de vida mais sustentáveis.

Um dos grandes desafios do projecto passava pela visualização do consumo energético:  em trabalhos anteriores, este objectivo não tinha sido atingido, uma vez que o hardware que deveria ser instalado nas casas era caro.

Os três estudantes não só encontraram a solução para este problema – numa app para smartphone – como lançaram-se com ela para uma startup, a Greenely. Desde finais de Março que a Greenely é uma das 22 startups que estão a passar uma temporara de três meses em Lisboa, no âmbito do Lisbon Challenge Spring.

O Green Savers falou com Fredrik Hagblom, product manager da Greenely, empresa que já tem 10 colaboradores com perfis, competências e passados diversos – desde especialistas em programação, desenvolvimento de negócio, design, experiência de utilizador, estatística e inteligência artificial.

Como surgiu a ideia da Greenely e quais os primeiros passos dados no sentido de a tornar realidade?

A ideia surgiu de uma tese de mestrado, [do Royal Institute of Technology de Estocolmo, na Suécia], onde o objectivo era criar um conceito de cidade inteligente no Stockholm Royal Seaport, uma cidade sustentável em Estocolmo, e convencer as pessoas a terem estilos de vida mais sustentáveis.

Na tese, um dos principais temas era a visualização do consumo de energia nos edifícios residenciais. Soluções anteriores tinham falhado neste campo porque o hardware que deveria ser instalado nas casas era caro. Por isso, todas as ferramentas de visualização de energia tinham estado ausentes [do projecto]. Identificámos o problema e tentámos livrar-nos destas barreiras e tornar [a visualização de energia] o mais fácil possível para cada casa. Assim, criámos uma solução de software que utilizava a infra-estrutura existente de uma forma mais eficiente que antes, criando um conceito que consistia numa espécie de árvore energética, que apresenta o consumo de uma forma mais tangível, em vez de utilizar kilowatt/hora, que é difícil de interpretar.

Quanto custará a Greenely e para quando será comercializada?

Este serviço é gratuito para o consumidor final. A nossa visão é clara: todos deverão ter a possibilidade de receber feedback melhor e mais frequente sobre a sua utilização de energia e comportamento.

Na prática, como funciona a app?

Quando abrimos a aplicação, os utilizadores recebem a sua própria árvore energética, visualizando o comportamento dos outros. A árvore cresce com o baixo consumo energético e murcha quando o consumo aumenta. O ecrã também permite aos utilizadores terem acesso a eventuais poupanças das suas casas e guia-os na direcção certa, para que eles possam perceber onde podem realmente poupar.

Uma ferramenta analítica permite ainda perceber a utilização de energia e a sua relação com a temperatura e preços. Finalmente, a app tem ainda um feed de notícias que permite aos utilizadores receberem relatórios sumarizados e analítica personalizada que os avisa do comportamento de consumo energético.

Numa altura em que os dispositivos hardware para monitorização de energia ainda não estão massificados, sugerem um sotfware que nem sequer precisa de dispositivo hardware. Os dados serão fiáveis?

Os dados são retirados de contadores inteligentes de energia e são do mais fiável que pode existir.

Existem outras apps ou ideias para ligadas à sustentabilidade que podem ser desenvolvidas pelas vossas equipas a médio e longo prazo?

A eficiência energética e o comportamento sustentável são termos e campos muito amplos. No futuro, a Greenely não revelará apenas a analítica e informação sobre electricidade, mas também de outras fontes de energia: água, gás, distribuição de aquecimento ou pegada carbónica.

Também estamos a olhar para a visualização de produção solar e a explorar outros campos de interesse, como gastos dos veículos ou alimentação. Todas estas áreas estão muito ligadas aos comportamentos sustentáveis e estão a colocar pressão extra nos recursos globais.

Onde se vêem daqui a três a cinco anos?

Queremos estar no top of mind das pessoas quando elas pensarem em energia, ambiente e estilos de vida sustentáveis. A nossa plataforma é a ferramenta natural para acompanharmos o comportamento energético das nossas casas. Também estamos a caminhar para a área das casas inteligentes e podemos comunicar com aparelhos domésticos, ajudando a reduzir o consumo energético.





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