Gases nocivos para camada de ozono com taxa de recolha reduzida



A recolha e tratamento em Portugal de equipamentos de refrigeração em fim de vida, como frigoríficos ou ar condicionados, é das mais baixas da Europa, alerta a associação ambientalista Zero, recordando a perigosidade dos gases desses aparelhos.

Os gases de refrigeração têm um alto potencial de aquecimento global, e fragilizam a camada do ozono, quando são libertados para a atmosfera.

Num comunicado, a Zero alerta para a problemática do destino desses gases e deficiência na recolha dos equipamentos. Entre 2020 e 2022, diz, a quantidade de resíduos recolhidos diminuiu de 14.277 para 12.371 toneladas, “e a taxa de recolha de equipamentos como frigoríficos e ar condicionados é alarmantemente baixa, rondando apenas 20% do total de equipamentos colocados no mercado”.

Alerta ainda a Zero que esse “desempenho insatisfatório” é agravado pelo facto de “cerca de 40% dos frigoríficos recolhidos estarem vandalizados, com os compressores removidos, o que significa que a totalidade dos gases foi libertada para a atmosfera “contribuindo diretamente para o aquecimento global”.

Esses fluidos libertados incluem os clorofluorcarbonetos (CFC), os hidroclorofluorcarbonetos (HCFC) e os hidrofluorcarbonetos (HFC), todos com um elevado potencial de aquecimento global, diz a associação, que recorda haver já no mercado substitutos desses gases que não são nocivos para o ambiente.

O alerta da associação ambientalista surge a propósito do Dia Internacional para a Preservação da Camada de Ozono, que hoje se assinala.

“O buraco do ozono mantém-se significativamente grande, com uma área de 20 milhões de quilómetros quadrados”, diz a Zero, que se afirma preocupada “com a reduzida taxa de recolha” dos gases que danificam a camada de ozono.

A associação apela a uma ação mais focada e rápida na implementação de soluções sustentáveis, como fluidos de refrigeração naturais, e sublinha a importância de novos regulamentos europeus que limitam as substâncias nocivas para a camada do ozono, um deles que entrou em vigor este ano e outro que entra em vigor em 2025.

No comunicado, a Zero reconhece que houve uma evolução positiva, lembra o Protocolo de Montreal, assinado em 1987 e que é responsável pela eliminação progressiva de substancias que empobrecem a camada de ozono, mas avisa que “o trabalho está longe de terminar” e que é importante “continuar a adotar medidas de controlo rigorosas”.

E sobretudo em Portugal, onde o Plano Nacional de Energia e Clima não estabelece uma estratégia específica nesta matéria, diz a associação no comunicado, no qual sugere apoios estatais e incentivos por exemplo para aquisição de equipamentos mas tendo em conta o impacto dos fluidos.

“A resposta mais eficaz tanto em termos económicos quanto de proteção ambiental, climática e de saúde pública, é a adoção de fluidos naturais, que devem ser os únicos incentivados com fundos públicos”, afirma.

A camada do ozono é fundamental para assegurar a vida no planeta porque absorve grande parte da radiação ultravioleta nociva B e C, que fazem parte da radiação solar mas que podem matar os seres vivos na Terra.

As substâncias CFC, HCFC e HFC, mas também outras em sistemas de extinção de incêndios, em alguns pesticidas ou “sprays”, quando lançadas para atmosfera, fazem reações químicas que destroem as moléculas do ozono.





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