Luís Veiga Martins, SPV: “Os municípios são os verdadeiros especialistas na recolha de resíduos”



“DURANTE MUITO TEMPO ERA COMUM A CRENÇA DE QUE UMA GESTÃO SUSTENTÁVEL se traduzia em custos e, pior do que isso, não trazia retorno. Felizmente, alguns estudos recentes têm vindo a contrariar esta ideia e mostram que a aplicação do conceito de sustentabilidade pode ser uma poderosa fonte de inovação e de mudança.

Por esta razão, foi com enorme prazer que aceitei escrever sobre sustentabilidade no Green Savers, um meio digital que muito tem contribuído para que cada vez mais este tema faça parte do nosso quotidiano e para que o cidadão comum entenda o contributo dos seus gestos podem ter no seu bairro, concelho, cidade ou país e que estes possam estar cada vez mais preocupados com os impactos socioeconómicos e ambientais.

Recordo-me de um estudo, realizado por um banco português há alguns anos, que concluiu que as crianças e jovens já associam o conceito de poupança a algo não apenas financeiro mas a questões relacionadas com o meio ambiente. Esta mudança de mentalidades, ocorrida nos últimos anos e que levou o seu tempo, é o resultado de um trabalho fantástico que tem sido realizado em nossas casas, contribuindo para um planeta mais sustentável: a reciclagem de resíduos.

Este gesto não é mais do que separar os resíduos produzidos nos lares e encaminhá-los para os locais de deposição, dando-lhes um destino adequado em alternativa ao aterro ou à incineração. E esse gesto de descartar algo que deixa de ter valor, pois já cumpriu o seu papel ao ser consumido ou utilizado, tem um significado extremamente importante e valioso. Cada vez mais existe a noção de que a partir deste hábito está-se a iniciar um processo de valorização de resíduos, permitindo dar vida a novos produtos, e, ao mesmo tempo, poupar recursos naturais e desenvolver toda uma atividade económica e social.

Hoje em dia, apesar do caminho que Portugal ainda necessita de percorrer em matéria de reciclagem de resíduos, estamos perante uma realidade totalmente diferente de há 20 anos. Este é um desenvolvimento de que o nosso País se pode orgulhar, uma vez que conseguiu reunir e motivar um conjunto de atores para um objetivo único, mesmo que muito impulsionado pelas diretivas comunitárias e objetivos nestas definidos.

Concentrando-me nos resíduos que produzimos em nossas casas é de louvar o trabalho de formiguinha realizado pelos verdadeiros especialistas na sua recolha que são os Municípios. São eles que têm o contato com a população, que melhor a conhecem e com quem sabem comunicar, sensibilizar e interagir.

E o resultado está à vista. Apesar de algumas situações menos positivas, as nossas cidades estão cada vez mais limpas e deixámos de ir a algumas cidades europeias e de invejarmos o grau de limpeza que ali encontrávamos. Nada disso! Podemos sentir orgulho do que temos, como a recolha e valorização dos resíduos que são gerados em nossas casas, o que permitiu uma significativa melhoria do desempenho ambiental em simultâneo com um crescimento da riqueza e do emprego.”

Luís Veiga Martins é director-geral da Sociedade Ponto Verde





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