“Isto é o caos climático”: Países do G20 “responsáveis por muitos dos problemas ambientais que o mundo hoje enfrenta”
Os países do G20 geram perto de 85% da riqueza mundial, representam mais de 75% do comércio global e acolhem quase dois terços de toda a população humana do planeta. Por isso, os seus impactos sobre a Terra, para o bem ou para o mal, são significativos.
Embora reconheça que essas duas dezenas de Estados tenham poder para fazer a diferença no mundo, Inger Andersen, diretora-executiva do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP), considera que é “inegável” que são “responsáveis por muitos dos problemas ambientais que o mundo hoje enfrenta”.
Durante a reunião dos ministros do ambiente do G20, que decorreu no passado dia 28 de julho na região de Chennai, na Índia, a responsável declarou que “os padrões insustentáveis de consumo e produção no G20 estão a alimentar as três crises ambientais planetárias: a crise das alterações climáticas, a crise da perda de Natureza e biodiversidade e a crise da poluição e dos resíduos”.
Por isso, Andersen, perante as delegações dos vários governos, disse que os países do G20 têm uma escolha: continuar a seguir o mesmo caminho de elevadas emissões de gases com efeito de estufa e de depleção dos recursos naturais, que ameaça “enfraquecer” os ganhos desses países e fazer derrapar a concretização dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ou “liderar o mundo por um novo e melhor caminho” que permita restabelecer a harmonia entre as sociedades humanas e a Natureza.
Paral tal ser possível, a responsável do UNEP diz que os membros do G20 têm de focar os seus esforços, e recursos, no combate às alterações climáticas, na promoção de uma ‘economia azul’ baseada na proteção e uso sustentável dos ecossistemas marinhos e costeiros, e transitar para uma economia circular e para uma utilização eficientes dos recursos naturais.
Andersen pediu aos Estados para não esperarem “pela próxima reunião, acordo ou crise” para tomarem as medidas necessárias, e para “agirem com urgência para assegurarem a sua própria prosperidade a longo-prazo”, através do reforço do financiamento de projetos de baixas emissões e dos países mais pobres que enfrentam os efeitos mais duros das crises planetárias.
Alterações climáticas e perda de biodiversidade são “a maior ameaça ao nosso planeta”
A União Europeia (UE) é também um dos membros do G20, e fez-se representar pelo comissário Virginijus Sinkevičius, responsável pelas pastas do Ambiente, Oceanos e Pescas, que declarou que as alterações climáticas e a perda de biodiversidade são “a maior ameaça ao nosso planeta”.
Além de confirmar o compromisso da UE para com a neutralidade carbónica até meados deste século, o comissário europeu afirmou que “os violentos fogos florestais e as secas devastadoras e outros eventos climáticos extremos na Europa e em todo o mundo” são sinais inequívocos de que “precisamos de agir sem demora a uma escala global para reverter estas tendências alarmante”.
Estamos a viver um “caos climático”
O responsável das Nações Unidas para as alterações climáticas, Simon Stiell, durante o mesmo encontro, alertou que estamos a viver um período de transformações e desastres sem precedentes na História humana.
“Este mês, experienciámos a temperatura global mais elevada desde que há registo. Ondas de calor na América do Norte, na Europa, no Norte de África, no Médio Oriente, na China. Fogos florestais. Seca. Chuvas torrenciais na Índia e na Coreia do Sul. Calor extremo na Antártida e nos oceanos”, declarou, acrescentando que “isto é o caos climático”.
Stiell afirmou que os países do G20 têm a “obrigação de demostrar liderança” para combater as crises planetárias, através do corte das emissões, do financiamento climático, da reforma das instituições financeiras e de uma “transição justa”.
“Precisamos de uma chamada à ação, com uma mensagem sobre como todos os governos, indústrias e indivíduos podem desempenhar o seu papel na transformação profunda com a qual concordámos”, disse o responsável.