Plano de recuperação do Lince-Ibérico em Portugal está a derrapar
Passaram-se dois anos após a provação do Plano de Acção para a Conservação do Lince-Ibérico em Portugal (PACLIP), e a Zero chegou à conclusão que “o mesmo evidencia atrasos significativos nas metas definidas até ao final de 2016, muito provavelmente devido à insuficiência e adequação de recursos financeiros.”
A associação refere ainda que o plano correu muito bem no início, conseguindo-se mesmo que nascessem 24 animais no Centro Nacional de Reprodução de Lince-Ibérico, nos anos de 2015 e 2016, mas que a execução das novas infraestruturas, com melhores condições para a reprodução da espécie em cativeiro, não passou da fase de projecto. Sendo que era suposto estarem concluídas no final do ano passado.
A Zero está também apreensiva com o “incompreensível atraso nos estudos relativos à identificação e cartografia de novas áreas que possam vir a suportar novas populações”, medida tida como essencial para criarem-se habitats adequados e que colocam ainda em causa as acções para popular essas zonas com populações de coelho-bravo, a principal presa do Lince-Ibérico.
Também no que respeita à minimização das ameaças parece existir um longo caminho a percorrer, “em particular quanto à prevenção e mitigação do risco de envenenamento, de atropelamento, dos riscos sanitários e de eventuais conflitos”. De salientar que foram registados nove(!) casos de envenenamento na área onde a espécie foi reintroduzida e, “pese embora tenham sido já efectuadas duas acções de fiscalização em Mértola, com cães especializados na detecção de venenos, não se compreende o actual estado de paralisia que se regista na reformulação do programa Antídoto”.
O Lince-Ibérico é uma das espécies mais ameaçadas de extinção no mundo, pelo que qualquer atraso pode ter um impacto muito negativo na sua recuperação. Diga-se ainda, que a esmagadora maioria dos indivíduos da espécie se encontram em Espanha e não em Portugal.
Foto: Creative Commons