Portugal tem 735 mil casas abandonadas



Em Portugal existem cerca de 735 mil casas abandonadas ou não habitadas. Tal número faz do país o quinto Estado-membro da União Europeia (UE) com mais edifícios subaproveitados. Um estudo feito pelo jornal inglês The Guardian estima que existam mais de 11 milhões de casas vazias no território europeu, número que daria para albergar mais que duas vezes o número de sem abrigos da UE – estimado em 4,1 milhões.

Os países atingidos pela crise financeira estão entre os Estados onde existem mais habitações subaproveitadas. Espanha lidera a lista, com 3,4 milhões de casas não habitadas. Em Itália estima-se que entre 2 a 2,7 milhões de casas estejam vazias e em França o número atinge os 2,4 milhões.

Apesar de ter sobrevivido à crise europeia quase incólume, a Alemanha também figura entre os países com mais habitações abandonadas, cerca de 1,8 milhões. Segue-se Portugal, com 735 mil casas – o que corresponde a um aumento de 35% de acordo com os censos de 2011 -, o Reino Unido, 700 mil, a Irlanda, com 400 mil e a Grécia ocupa a oitava posição dos países com mais habitações subaproveitadas, cerca de 300 mil.

A maior parte destas habitações está localizada em aldeamentos turísticos ou de férias, que foram construídos na febre da bolha imobiliária que culminou com a crise financeira que começou em 2007. A maioria destas casas nunca foi ocupada.

Muitas destas habitações foram adquiridas pelas pessoas como investimentos, sem que nunca houvesse a intenção de serem habitadas. Com o eclodir da crise, muitos prédios e moradias ficaram por acabar, sendo mais tarde destruídos numa tentativa de fazer aumentar os preços das propriedades já existentes.

Os activistas habitacionais afirmam que é “incrível” a quantidade de casas não aproveitadas que existem na EU, dado que milhões de pessoas não têm habitação. “É inacreditável. É um número massivo, afirma David Ireland, CEO da Empty Homes, uma organização sem fins lucrativos que defende a disponibilização de habitações para aqueles que precisam.  “As casas são construídas para as pessoas viverem. Se não estão a ser habitadas alguma coisa de muito séria está a acontecer no mercado imobiliário”, indica.

Já para Freek Spinnewijn, director da FEANTSA, uma organização de várias instituições de ajuda aos sem-abrigo europeias associadas, o número de casas subaproveitadas é um “escândalo”. “Seria apenas necessário metade destas habitações para acabar com os sem-abrigo”, advoga Spinnewijn. “Os governos deveriam fazer tudo ao seu alcance para repor estas casas vazias no mercado. O problema dos sem-abrigo está a tornar-se cada vez pior por toda a UE e a melhor solução para resolver este problema é colocar estas casas novamente no mercado”, defende.

Foto:  romanoski / Creative Commons





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