Resíduos: três inovações que vão revolucionar as cidades



Cerca de 70% da população mundial viverá nas cidades em 2050, de acordo com as Nações Unidas. Os números são bem conhecidos e vão alterar profundamente as cidades em que vivemos – sobretudo as grandes metrópoles –, elevando a necessidade de criarmos cidades mais sustentáveis que, se possível, não diferenciem resíduos e recursos.

Por outras palavras: as cidades devem entender os resíduos como ponto de partida de algo novo. Estas são três ideias que podem em breve ser aplicadas nas megacidades e que nos podem ajudar a construer um ambiente urbano mais sustentável para o futuro.

1.Minas urbanas

À medida que as minas naturais se esgotam, as cidades serão as minas do futuro, uma vez que é por lá que estão os recursos naturais já transformados em materiais. Há décadas que existe tecnologia para reciclar cobre e empresas especialistas já recuperam o resíduo metálico dos velhos cabos eléctricos.

Segundo explicou ao Guardian o professor Thomas Graedel, da Yale School of Forestry and Environmental Science, os edifícios armazenam os materiais que serão reciclados mas também nos ajudarão a poupar uma grande quantidade de energia necessária para os alcançar.

A reutilização de alumínio precisa de apenas 5% da energia necessária para a sua produção original. E como este material está presente em todos os edifícios – há sempre novas demolições agendadas – ele não ficará refém de uma menor produção das minas.

2.Transformar resíduos em materiais de construção

Na Design Academy de Eindhoven, Holanda, Tom van Soest desenvolveu um método de pulverizar os materiais de construção reciclados dos edifícios demolidos para criar uma nova forma de pedra que pode ser transformada em produtos para a superfície e tijolo.

Para além deste método, comercializado pela StoneCycling, há um projecto que transforma jornais em materiais parecidos com madeira; ou uma empresa que desenvolveu um material feito de embalagens de cartão 100% reutilizados, num processo que não utiliza água e cria um nova material que pode ser usado para paredes interiores.

E lembra-se da casa de garrafas de vidro de Alfred Heineken (na foto)? Ela data de 1963 e, pelo que vê aqui, continua actual. Por aqui ainda há muito que evoluir, mas o futuro parece risonho.

3.Experiências com materiais biológicos

À medida que definimos os resíduos como algo para além do que colocamos no lixo – o que inclui tudo o que pareça sem valor ou supérfluo –, as possibilidades são infinitas. Dito isto: porque não incluir materiais biológicos derivados de bactérias ou fungos em materiais de construção.

Henk Jonkers, da Delft University of Technology, desenvolveu um processo que mistura bactérias e nutrientes para criar cimento que se auto-repara. Noutro projecto, em Nova Iorque, um material feito de subprodutos agrícolas e micélio pode ser transformado em materiais fortes e com parâmetros estruturais, sendo até comparado à pedra e cimento – o Ecovative.

Este artigo faz parte de um trabalho especial sobre Resíduos, publicado durante o mês de Junho e promovido pela Sociedade Ponto Verde. Todas as sugestões de temas podem ser enviadas para info@greensavers.sapo.pt. Siga a SPV no Facebook, YouTube, Pinterest ou Linkedin e assine a sua newsletter.





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