Sete novos insectos descobertos na Mata do Buçaco



Sete novas espécies de insectos foram recentemente identificadas, por especialistas da Universidade de Aveiro, na Mata Nacional do Buçaco. Ao todo, haverá pelo menos 1258 espécies catalogadas no Buçaco, sendo que 219 destas surgiram na sequência do trabalho ali desenvolvido nos últimos quatro anos por colaboradores do projecto BRIGHT (Bussaco´s Recovery from Invasions Generating Habitat Threats).

A descoberta das novas espécies, que os entomólogos acreditam apenas existir no Buçaco, foi anunciada no decorrer de uma palestra dos biólogos Tatiana Pinhal (Universidade de Aveiro) e

João Moreira (Universidade do Porto) sobre os insectos da referida Mata Nacional e a sua relevância para a conservação. Uma intervenção integrada nas jornadas do Sement Event, promovidas pelo grupo de trabalho do BRIGHT, da Fundação Mata do Buçaco (FMB), decorridas recentemente no Luso.

Para além dos sete novos insectos, que estão neste momento a ser alvo de estudo na Bélgica, os especialistas em entomologia – parte da zoologia que estuda os insectos – identificaram também, no Buçaco, espécies raras como a formiga Solenopsis lusitanica Emery e o escaravelho Anoplodera sexguttata e espécies protegidas pela união europeia como o longicórnio Cerambyx cerdo mirbecki, vaca-loura, borboletas Euphydryas aurinia, Euplagia quadripunctariaou e a lesma Geomalacus maculosus Allman, que, segundo Tatiana Pinhal, “viram na Mata Nacional um oásis para a sua sobrevivência e para a sua conservação”.

A bióloga, que classifica a descoberta dos sete novos insectos como uma “enorme surpresa”, salienta que “os invertebrados são imensamente diversos no Buçaco” e muito importantes porque “permitem relevar a importância da Mata Nacional para a preservação de uma biodiversidade em declínio e colmatar a escassez de informação destes grupos taxonómicos para o centro do país”.

Localizada no concelho da Mealhada, a serra do Buçaco encontra-se bastante marcada pela acção humana. As actividades associadas à silvicultura intensiva de pinheiro-bravo e eucalipto e, mais recentemente, os impactos notórios do nemátodo do pinheiro e espécies invasoras como as acácias, constituem importantes factores de perturbação, levando à perda e fragmentação de habitats. Contudo, a proximidade a importantes centros urbanos, o relativo isolamento orográfico e o microclima tornaram o Buçaco num pólo de atracção e um modelo para o estudo dos invertebrados em Portugal.

Hoje, existem sete espécies que são apenas conhecidas da Mata Nacional do Buçaco: escaravelhos (Coleoptera) Abromus lusoensis (Coiffait, 1984), Euconnus fageli (Franz, 1960), Hesperotyphlus beirensis Coiffait, 1964, Hesperotyphlus vicinus Coiffait, 1964, Hyllaena lusitanica Fagel, 1960, Pselaphostomus bussacensis bussacensis (Dodero, 1919), Stenus bussacoensis Puthz, 1971 e ainda o colêmbolo Pseudosinella gamae Gisin, 1967.

Por outro lado, o estudo da fauna e flora do Buçaco é contemporâneo com as primeiras explorações entomológicas sistemáticas em Portugal, remontando a 1870.

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