Tratar lixo e disponibilizar água para prevenir doenças na Guiné-Bissau



A necessidade de recolher o lixo que se acumula nas ruas e disponibilizar água às comunidades é apontada como prioritária para a prevenção de doenças na Guiné-Bissau, num estudo apresentado ontem, na capital guineense.

A conclusão resulta de uma iniciativa integrada num programa das Nações Unidas, o UN-Habitat, de resposta à pandemia da covid-19, que inquiriu as comunidades locais e apresentou ontem, em Bissau, os resultados preliminares, com orientações para um plano de ação.

O projeto procura “seguir de perto” os fatores que contribuem para a propagação, não só da covid, mas de outras doenças como o paludismo e a tuberculose, como explicou o investigador Isaquiel Bartolomeu Silva, na apresentação dos resultados preliminares.

O projeto abrange as zonas periféricas das cidades guineenses de Bissau, Bafatá, Gabu, Bubaque e Mansoa, onde foi feito um inquérito que conclui que “há três prioridades” na prevenção de doenças contagiosas.

A primeira, enumerou, é “fazer sensibilização comunitária, a segunda mobilizar a comunidade para recolha do lixo e a terceira reparar fontes e bombas existentes e construir novas nos lugares onde não existem”.

Esta é “a estratégia de curto prazo” que o estudo propõe, num país onde, mesmo quando as pessoas têm conhecimento sobre as doenças, “a própria estrutura social não lhes permite fazer a melhor prevenção”, segundo o investigador.

Como explicou, “este projeto foi procurar entender a perceção dessas pessoas de como é que elas vivem e qual o impacto da sua situação sócio económica sobre as doenças como o paludismo, tuberculose e covid”.

“O resultado mostra como ainda estamos longe daquilo que é a nossa expectativa, porque basta ver nessas cidades, principalmente em Bissau, a quantidade de lixo que está na rua”, afirmou.

A constatação é que “a maioria das pessoas, a forma que tem de o tratar é ou queimar ou deixar o lixo a céu aberto” e que “há pouca gente na zona periférica que tem possibilidade de usar recolha pública”.

Outro problema apontado é a falta de acesso à eletricidade, falta de casas de banho, conhecimento sobre as doenças e falta de condições de habitabilidade.

“Por exemplo, vemos um quarto para seis pessoas, a média por habitante é de um quarto para quase nove pessoas”, descreveu, realçando que são condições que não permitem cumprir as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para questões simples como a lavagem das mãos.

A falta de saneamento básico é um problema, assim como a qualidade e acesso à agua, que obriga parte da população a percorrer grandes distâncias para encontrar água.

“Tudo isto mostra que é preciso trabalhar o conhecimento, para sensibilizar e informar as pessoas sobre o que são essas doenças, e, ao mesmo tempo, trabalhar junto da comunidade a questão do lixo, porque a comunidade é que produz e deve ser envolvida nesse trabalho”, defendeu.





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