Três em cada cinco famílias na Europa temem o aumento das contas de eletricidade no inverno



De acordo com o mais recente estudo realizado pela Otovo no qual participaram mais de 3800 pessoas (clientes e não clientes) de dez países europeus (Áustria, França, Alemanha, Itália, Noruega, Polónia, Portugal, Espanha, Suécia e Suíça), três em cada cinco famílias inquiridas temem o aumento das contas de eletricidade no inverno, enquanto as que já utilizam energia solar demonstram maior confiança e preparação para gerir os custos.

Um continente preocupado com os custos energéticos no inverno

As preocupações com o aumento das contas de energia são generalizadas. Nos dez mercados, 60% dos inquiridos afirmam estar preocupados com as suas contas de eletricidade neste inverno, dos quais (63% não são clientes de sistemas solares e 55% são). A diferença também é visível na preparação: 51% dos clientes descrevem-se como bem preparados para agir contra os elevados custos energéticos, enquanto 38% dos não clientes afirmam o mesmo.

Em Portugal, 89% dos inquiridos afirmam estar preocupados ou muito preocupados com as suas contas de eletricidade neste inverno, dos quais (89% não são clientes de sistemas solares e 88% são). A diferença é mais visível quando falamos na preparação contra os elevados custos energéticos: 53% dos clientes de sistemas solares descrevem-se como bem ou totalmente preparados para agir contra os elevados custos energéticos, enquanto apenas 43% dos não clientes afirmam o mesmo.

Estes números enquadram o inverno que se aproxima como uma época de preocupação para muitas famílias, com os atuais utilizadores de energia solar a sentirem-se mais bem equipados para responder.

O que as famílias estão a fazer para gerir os custos

O estudo aferiu ainda que medidas já tomaram ou estão a considerar para gerir os seus custos de energia. Entre os não clientes, o interesse em mudanças estruturais está presente, mas equilibrado com medidas de curto prazo: 27% mencionam a instalação de painéis solares, 23% a redução do uso de aquecimento, 19% a melhoria do isolamento e o investimento em aparelhos mais eficientes e 18% a adição de uma bateria.

Os clientes estão mais propensos a fazer investimentos a longo prazo: 32% planeiam adicionar armazenamento de bateria, 31% mencionam a instalação de painéis. As respostas indicam diferentes caminhos para o inverno: muitas famílias ainda dependem de medidas incrementais, enquanto os utilizadores de energia solar se concentram mais em soluções que aumentam a autossuficiência.

Em Portugal, os números revelam uma tendência um pouco diferente, demonstrando uma possível mudança comportamental: dos não clientes de sistemas solares a maioria está a considerar mudanças mais estruturais como a instalação de painéis (68%) e a adição de armazenamento em bateria (52%), bem como o recurso a programas de apoio (39%). Já os clientes equilibram o interesse em mudanças estruturais, como a adição de baterias solares (50%), com medidas de curto prazo, como investir em equipamentos mais eficientes (49%).

Forte crença na independência solar – permanecem dúvidas sobre o desempenho no inverno

A crença na independência solar é notavelmente consistente. Quase oito em cada dez inquiridos em todos os mercados concordam que possuir painéis solares com armazenamento em bateria lhes daria maior independência e controlo sobre os custos domésticos. A concordância é especialmente elevada na Alemanha, Áustria e Portugal , onde quase nove em cada dez partilham desta convicção.

No entanto, as dúvidas sobre o desempenho solar no inverno continuam a ser generalizadas: 54% dos inquiridos – 58% não clientes e 50% clientes – afirmam estar preocupados com a eficiência nos meses mais frios e escuros. Estas preocupações são mais pronunciadas nos países nórdicos, onde as condições de inverno são mais rigorosas, apesar do facto de a adoção da energia solar ter aumentado de forma constante nos últimos anos.

Portugal, partilha das preocupações dos restantes 10 países com 53% dos inquiridos – 51% não clientes e 55% clientes – a demonstrar dúvidas sobre o desempenho solar no inverno, apesar de Portugal ser um dos países com mais dias de sol de na europa, com uma média de mais de 300 dias de sol anualmente.

A segurança financeira como principal fator de adoção de energia solar

Quando questionados sobre as razões para considerarem a energia solar, os inquiridos citam com mais frequência a independência energética e a autossuficiência, representando cerca de 35 a 40% das menções. A redução de custos a longo prazo segue-se com cerca de 25 a 30%, enquanto a proteção contra aumentos de preços futuros é mencionada por cerca de um em cada dez.

Os incentivos e subsídios governamentais representam aproximadamente 8 a 10% e as razões ambientais ou de sustentabilidade representam apenas cerca de 5 a 7%. Embora estas percentagens variem de acordo com o mercado, o quadro geral é que a segurança financeira e a independência são os fatores dominantes, com os incentivos a desempenharem um papel mais importante na Europa Oriental e do Sul  – em Portugal representam entre 5% a 13%. As considerações ambientais parecem ter mais peso na Europa do Norte e Central (em Portugal não ultrapassam os 6%).

O inquérito também revela diferenças demográficas. Os agregados familiares mais jovens, com idades compreendidas entre os 18 e os 34 anos, são os mais dispostos a agir, com mais de 85% a afirmar que se sentem preparados para agir contra o aumento dos custos, sendo também os mais otimistas quanto aos benefícios da energia solar em termos de independência. Os proprietários com 65 anos ou mais, revelam os níveis mais elevados de preocupação (acima de 93%), enquanto expressam um menor acordo com os benefícios da energia solar (cerca de 71%).

Diferenças regionais

As conclusões a nível nacional fornecem algumas nuances. Em Itália e Portugal, a preocupação com as contas é uma das mais elevadas, tornando o alívio financeiro um tema central. Na Alemanha e na Áustria, a crença no valor da independência da energia solar e do armazenamento é mais forte. Em Espanha, a preocupação com as contas é elevada, mas as dúvidas sobre o desempenho no inverno são comparativamente menores, apontando para a fiabilidade ao longo do ano como uma mensagem fundamental.

Na Polónia, a segurança financeira destaca-se como a principal motivação para considerar a energia solar. Em França, os não clientes relatam uma preparação invulgarmente elevada em relação a outros mercados, indicando uma disponibilidade para agir. Na Noruega e na Suécia, a preocupação com o desempenho no inverno é elevada, apesar da crescente adoção, sugerindo um interesse contínuo. Na Suíça, a independência e a autonomia emergem como ideias particularmente ressonantes.

“Em toda a Europa, as famílias estão a entrar no inverno com preocupações significativas sobre os custos da energia, mas também com uma forte convicção na importância da independência. Verificou-se em todos os países o reconhecimento de que um maior controlo sobre o uso de energia será fundamental para a forma como as famílias enfrentarão os desafios futuros”, afirma Manuel Pina, Diretor Geral da Otovo.

“Os resultados do inquérito mostram ainda que, a maioria dos europeus, continua a concentrar-se em medidas de curto prazo, em vez de se focar nas mais estruturais. Por este motivo, fiquei agradavelmente surpreendido por ver Portugal com sinais claros de uma evolução no comportamento das famílias, com uma crescente abertura a soluções mais estruturais e sustentáveis. Isto sugere não apenas uma maior consciencialização sobre os benefícios da energia solar, mas também uma predisposição para adotar medidas que garantam maior autonomia energética”, conclui.






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