Relatório espanhol revela que rios ibéricos estão contaminados
A Associação Ecologistas en Acción publicou em março o relatório “Rios Tóxicos 2022” no qual denuncia que todas as bacias hidrográficas do país – inclusive as que partilham a fronteira com Portugal – estão contaminadas. As águas superficiais e subterrâneas contêm substâncias tóxicas como pesticidas, herbicidas e metais pesados, provenientes da agricultura mas também da indústria petroquímica.
Os autores consideram que existem falhas na legislação europeia e espanhola, dado que não existem padrões de qualidade para analisar a presença de substâncias utilizadas atualmente. Cerca de 80% dos contaminantes mais comuns ficam de fora desta análise.
Observemos o exemplo de rios que tanto circulam em Espanha como em Portugal: no Rio Minho deteta-se a presença maioritária do herbicida glifosato e ácido aminometilfosfónico resultante, o inseticida HCH e metais como Cádmio e o Níquel. No rio Douro, destaca-se a presença do herbicida glifosato, de chumbo e mercúrio. No rio Tejo esta situação repete-se, com a presença dominante de glifosato, mercúrio e chumbo, mas também de naftaleno. No rio Guadiana, nota-se uma vez mais a presença do glifosato, mas também de outras substâncias, como mercúrio, cádmio e chumbo, do pesticida dicofol, do hidrocarboneto aromático benzo (G,H,I) perileno e de ácido perfluorooctanóico.
Como sublinha a Ecologistas en Acción, “A contaminação química das águas superficiais e subterrâneas tem consequências graves, não só para os ecossistemas aquáticos, como para todo o ambiente, fauna, flora e saúde humana. Estas consequências vão além da toxicologia oficial baseada no risco individual de cada tóxico e devem considerar o efeito combinado produzido pela interação de várias substâncias químicas no meio ambiente.”