Descoberto dinossauro com corpo de gaivota que pode ter caçado no mar
No Deserto de Gobi, na região do sul da Mongólia, foram descobertos os ossos fossilizados de um dinossauro não-aviário, ou seja, que não tem relação com espécies de aves, que abrem agora caminho à interrogação: podem alguns dos antigos répteis de eras geológicas distantes ter tido corpos adaptados à vida aquática?
Um grupo de investigadores da Coreia do Sul, do Canadá e da Mongólia revela que o dinossauro não-aviário, batizado com o nome científico Natovenator polydontus, pode mesmo ter sido o primeiro a ser descoberto com uma anatomia especialmente adaptada à vida no mar, tal como acontece com aves marinhas como as gaivotas, por exemplo.
Através da análise de “um esqueleto bem preservado”, com entre 66 e 100 milhões de anos, foi possível perceber que o Natovenator polydontus era, muito provavelmente, um “bom nadador”, devido, principalmente, à sua grelha costal achatada, tornando o seu corpo hidrodinâmico e bem-adaptado à vida na água.
Mas esta não é a primeira vez que se suspeita de que alguns dinossauros não-aviários tenham passado pelo menos parte das suas vidas em meio aquático. Já em 2017, um grupo de cientistas tinha sugerido que um outro dinossauro, o Halszkaraptor, teria caraterísticas semelhantes às que se podem encontrar nos corpos das aves marinhas dos dias de hoje. Contudo, o fóssil que tinham em mãos não lhes permitiu confirmar a forma do corpo desse animal ancestral.
Ainda este ano, em março, debatia-se nos meios académicos a possibilidade de um dinossauro conhecido como Spinosaurus poder ter sido capaz de nadar, colocando em causa a ideia convencionada de que os meios aquáticos eram domínios exclusivos de outros répteis marinhos, como o gigantesco Mosasaurus.
Contudo, o Natovenator polydontus parece ser o fóssil que mais evidências fornece quanto à sua capacidade para se mover na água, embora os cientistas não possam saber, com certeza, se realmente seria um nadador exímio ou se poderia ser apenas razoável. Ainda assim, o pescoço alongado sugere que seria capaz de caçar no meio aquático.
Escrevem os cientistas que a forma hidrodinâmica do corpo do Natovenator polydontus “também reflete a grande diversidade de formas entre os dinossauros não-aviários” e é um exemplo de evolução convergente com espécies de aves marinhas, ou seja, de como espécies com origens diferentes, mas que ocupam um mesmo nicho ecológico, evoluíram de forma semelhante para se adaptarem ao seu ambiente.