Descoberta nova espécie de crustáceo no fundo do mar. É branco e tem grandes olhos
Numa expedição científica às profundezas marinhas ao largo das Bahamas, uma equipa internacional de biólogos marinhos descobriu uma nova espécie de crustáceo, que descrevem como “um isópode único”.
O pequeno animal, com cerca de 14 milímetros, foi encontrado a mais de 500 metros abaixo da superfície numa região conhecida como Exuma Sound, e foi formalmente descrito como pertencendo a uma nova espécie, a Booralana nickorum.
Os crustáceos isópodes terão surgido há mais de 300 milhões de anos e podem hoje ser encontrados em praticamente toda a Terra. Na escuridão do fundo dos mares, este animais são sobretudo necrófagos, alimentando-se de detritos de outros animais mortos que descem pela coluna de água, desde as zonas mais superficiais até às regiões mais profundas, sendo, por isso, elementos fundamentais do ciclo de nutrientes marinho.
Num artigo divulgado na publicação ‘Zootaxa’, os investigadores explicam que o B. nickorum poderá, tal como outros crustáceos semelhantes será capaz de viver sem se alimentar durante vários anos, e que é a quarta espécie atribuída a esse género e apenas a segunda do Atlântico Noroeste a ser descrita.
“Este trabalho revela a diversidade críptica deste grupo e salienta o pouco que sabemos sobre os ecossistemas marinhos de profundidade nas Bahamas”, afirma, em comunicado, Oliver Shirpley, da Universidade Stony Brook (Estados Unidos da América) e primeiro autor do artigo.
Para o biólogo, a descoberta desta espécie poderá ser apenas ‘a ponta do icebergue’, e acredita que nas águas que banham as Bahamas poderá esconder-se um ‘tesouro’ de “biodiversidade desconhecida”.
Antes deste trabalho, pensava-se que apenas uma espécie de Booralana vivia nessa região do Oceano Atlântico, a B. tricarinata, da qual a nova espécie se distingue sobretudo pela forma da sua cauda. Além disso, o seu corpo, revestido por um exosqueleto duro, é praticamente branco e tem olhos protuberantes, duas características partilhadas por muitos outros animais que vivem na escuridão abissal dos mares.
“As Caraíbas albergam muitos ecossistemas marinhos de profundidade que podem considerar-se prístinos, a maioria dos quais escondidos pela exploração antropogénica, tal como a pesca e a mineração em mar profundo”, diz Shirpley, que considera que essas condições ecológicas quase intocadas pelo humano “fornecem uma base de referência a partir da qual comparar os efeitos da exploração que ocorre em regiões menos prístinas”.
Ainda assim, avisa que “estes sistemas não são imunes aos crescentes impactos das alterações climáticas e da poluição, pelo que é crucial compreendermos a dimensão total da biodiversidade que é suportada por estes ambientes marinhos das profundezas”.