África chega aos 1,5 graus de aquecimento já em 2040. Cientistas dizem que é preciso transição justa

O continente africano alcançará os 1,5 graus Celsius de aquecimento acima de níveis pré-industriais já em 2040, mesmo num cenário de redução global de emissões globais de gases com efeito de estufa. Os cientistas dizem que é preciso preparar o continente com planos para uma transição realmente justa.
Num artigo divulgado na publicação ‘CABI Reviews’, a investigação, liderada pela Universidade do Zimbabué e pelo Instituto Internacional de Investigação Pecuária (ILRI), no Quénia, revela que apesar de África, no seu todo, contribuir menos de 4% para as emissões a nível mundial chegará, nos próximos 15 anos, ao limite de aquecimento definido no acordo climático de Paris em 2015 como o limiar que não deveria ser ultrapassado para se poder evitar cenários climáticos imprevisíveis e potencialmente devastadores.
Os autores dizem que apoios para uma transição justa em África são urgentes para assegurar a segurança alimentar e reduzir a pobreza no continente, com Paul Mapfumo, primeiro autor do artigo, a salientar, citado em comunicado, que as condições climáticas cada vez mais duras estão a ameaçar a humanidade e os sistemas ecológicos e, dessa forma, a criar e a agravar injustiças sociais.
“Os sistemas de subsistência africanos baseados na agricultura serão invariavelmente os mais afetados, devido à sua dependência de uma agricultura sensível ao clima e à sua limitada capacidade de adaptação devido a um fraco desenvolvimento económico associado, primeiramente, a contingências históricas”, explica o investigador.
Os autores acreditam que o financiamento para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação, a regeneração dos solos e de terras degradadas, a proteção de ecossistemas e da biodiversidade e um maior acesso à educação e formação é fundamental para ajudar as comunidades agrícolas em África a fazerem face às dificuldades que as alterações climáticas estão a criar e que serão, com o tempo, cada vez mais intensas.
“A sustentabilidade da resposta às alterações climáticas e uma estrutura de transição justa para África reside também na transformação correspondente dos sistemas de educação e em capacidades de investigação adaptadas para impulsionar o desenvolvimento económico em África”, sublinha Mapfumo.