Projeto português quer criar bioplásticos sustentáveis ativos a partir de subprodutos não comestíveis de origem vegetal

Um projeto da empresa Isolago Europe e da Universidade de Aveiro (UA) quer desenvolver bioplásticos biodegradáveis ativos (antioxidantes e com proteção à radiação ultravioleta) a partir de subprodutos não comestíveis de origem vegetal e adequados ao revestimento de embalagens à base de papel.
Financiado pelo Portugal 2030, o BIOCOATING – Utilização de subprodutos de origem vegetal não comestíveis no desenvolvimento de bioplásticos biodegradáveis ativos para revestimento de embalagens à base de papel” orienta-se pelo que a UA, em comunicado, descreve como uma “abordagem inovadora dentro da economia circular e da sustentabilidade”.
“A utilização de materiais, como lamas ricas em amido de batata, sementes de abacate, pele de prata do grão de café, borras de café e aparas de papel, diferencia-se dos bioplásticos tradicionais que geralmente derivam de recursos vegetais comestíveis e competem diretamente com a cadeia alimentar”, explica a instituição.

Dessa forma, o projeto BIOCOATING pretende evitar a competição com o setor alimentar e “promove uma abordagem sustentável e inovadora, verificando-se assim um claro enquadramento da operação em mais do que três eixos de política temática do Pacto Ecológico Europeu (Green Deal)”.
Entre os principais desafios, contam-se a melhoria das propriedades dos bioplásticos, concretamente o desenvolvimento de materiais com maior resistência mecânica e propriedades barreira a gases melhoradas; a integração de subprodutos agroalimentares nos processos de produção, promovendo um ciclo de reaproveitamento eficiente e sustentável; e a escalabilidade e viabilidade económica, garantindo que as soluções propostas possam ser aplicadas em larga escala de forma economicamente viável.
“Portanto, o projeto BIOCOATING destaca-se como um projeto promissor na procura por soluções sustentáveis para a indústria de bioplásticos, alinhando-se às tendências globais de economia circular e sustentabilidade ambiental”, refere a Universidade de Aveiro, em nota.
Nessa instituição de ensino, o projeto foi impulsionado pelas investigadoras Paula Ferreira e Idalina Gonçalves, a quem se juntaram ainda Célia Miranda e Marta Ferro, as quatro do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica e membros do CICECO-Instituto de Materiais de Aveiro. E também Manuel A. Coimbra, do Departamento de Química e membro do LAQV-REQUIMTE – Laboratório Associado para a Química Verde.
Assim, unem-se competências em Química, Bioquímica e Ciência e Engenharia de Materiais para o desenvolvimento de bioplásticos funcionais.
“A complementaridade das equipas envolvidas é um aspeto essencial para enfrentar os desafios técnicos e garantir o sucesso da iniciativa”, salienta a Universidade de Aveiro.