COP15 apela ao mundo por mais proteção e financiamento das Zonas Húmidas



A 15.ª Conferência das Partes (COP15) da Convenção de Ramsar sobre Zonas Húmidas terminou ontem no Zimbabué com um apelo unânime para reforçar a proteção, o financiamento e a integração nas políticas climáticas destes ecossistemas-chave.

Durante a sessão final, os países adotaram a chamada Declaração de Victoria Falls, que reforça o compromisso com o uso racional das zonas húmidas, essenciais para a biodiversidade, segurança hídrica e resiliência climática.

Foram também aprovadas resoluções para acelerar as ações nacionais, mobilizar recursos e ampliar a participação de jovens, povos indígenas e comunidades locais.

Um dos momentos mais relevantes foi a aprovação de uma resolução – por votação secreta eletrónica – para prorrogar a monitorização do impacto ambiental causado pela guerra na Ucrânia nas suas zonas húmidas de importância internacional.

A medida foi adotada com 46 votos a favor, 11 contra e 52 abstenções, e gerou divisões entre as delegações.

A China e o Irão, que votaram contra, questionaram a inclusão de temas “politizados” no seio da convenção, enquanto a União Europeia e a Ucrânia defenderam o caráter técnico da monitorização e a sua continuidade.

“Não é uma decisão política, é científica”, assinalou o representante ucraniano.

Na quinta-feira passada, 24 de julho, durante o terceiro dia da COP15, a Rússia anunciou a sua saída e abandono do tratado, por considerar que alguns Estados “apoiam a politização das suas atividades em detrimento de outros”.

O encerramento foi liderado pela ministra do Ambiente do Zimbabué, Evelyn Ndlovu, que destacou o consenso alcançado durante a cimeira: “As zonas húmidas não são responsabilidade de poucos, mas sim uma herança partilhada da humanidade”, afirmou, depois de agradecer aos 172 Estados presentes a sua participação ativa.

Além disso, a secretária-geral da Convenção, Musonda Mumba, celebrou o aumento do orçamento aprovado para melhorar a capacidade de ação do tratado e reconheceu o trabalho da equipa técnica e de tradução que permitiu que a COP fosse realizada com sucesso.

A presidência foi oficialmente transferida para o Zimbabué, nação vizinha de Moçambique, que a deterá durante os próximos três anos, e a próxima cimeira será no Panamá, na América central.

O Zimbabué insistiu que a Declaração de Victoria Falls servirá como roteiro para garantir que os compromissos assumidos se traduzam em ações concretas no terreno, com ênfase na inclusão social, no financiamento e na cooperação técnica internacional.






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