Densidade de leopardos-de-amur na Rússia aumenta 183% nos últimos 10 anos

Os conservacionistas dizem ter detetado, em 2024, a maior densidade de leopardos-de-amur (Panthera pardus orientalis) alguma vez registada no extremo oriental da Rússia, a única região onde ocorrem nesse país.
No Parque Nacional “Terra do Leopardo”, uma área protegida de 268 mil hectares no território russo de Primorsky, que faz fronteira com a China a oeste e com a Coreia do Norte a sul, cientistas da organização Wildlife Conservation Society, com o apoio da WildCats Conservation Alliance, estimaram uma densidade de 1,86 leopardo por 100 quilómetros quadrados (km2) em 2024. Isso representa um aumento de 183% face às estimativas de 2015, que apontavam para 0,65 leopardos por km2.
No ano passado, os conservacionistas esconderam 130 câmaras ao longo do parque nacional para monitorizarem os leopardos-de-amur que vivem nessa zona, cobrindo uma área total de 770 km2.
Ao fim de três meses, foram recolhidas mais de nove mil imagens de animais selvagens, e quase mil mostravam aquele que é considerado um dos felídeos mais raros do mundo. Os cientistas conseguiram identificar 28 indivíduos, face aos 16 registados em 2015.
“Esta é uma conquista história”, celebra, citada em comunicado, a equipa da Wildlife Conservation Society, especialmente porque os leopardos-de-amur estão criticamente em perigo de extinção, existindo apenas cerca de 100 indivíduos em regime selvagem.
“A nossa estimativa da densidade populacional de leopardos serve como uma nova referência para o tipo de recuperação que pode ser alcançada para os leopardos no nordeste da Ásia”, salienta.
A recuperação registada deve-se, em parte, ao reforço do combate à caça furtiva, uma das principais ameaças à sobrevivência da subespécie de leopardo na Natureza.
Os conservacionistas entendem que a lei de proteção desses animais protegidos tem sido aplicada com maior eficácia, dissuadindo os caçadores ilegais e aliviando a pressão sobre a vida selvagem, não apenas sobre os leopardos, mas também das presas das quais eles dependem, especialmente os cervos-sika (Cervus nippon).
Diz a WildCats Conservation Alliance que as populações desses cervídeos estão em números recorde e pensa-se que esse é um dos principais fatores que permitiu o aumento da população de leopardos-de-amur nessa região da Rússia.
“O regresso dos leopardos-de-amur no Parque Nacional ‘Terra do Leopardo’ mostra-nos, de uma forma poderosa, que, com proteção e presas suficientes, até os grandes felídeos mais ameaçados podem recuperar”, afirma a organização.
Agora, as prioridades dos conservacionistas são assegurar a diversidade genética da população local e as ligações entre os habitats frequentados pela subespécie.
Além disso, estarão também atentos às interações entre os leopardos e os tigres-de-amur (Panthera tigris altaica), também conhecido como tigre-da-sibéria e com estatuto de “Em perigo”, com os quais partilham o seu território, para perceber se o aumento populacional dos primeiros levará à competição entre os dois felídeos por espaço e recursos e o que isso poderá implicar para a conservação de ambos.