Défice autista pode ser eliminado mediante incentivo adequado



Um novo estudo vem revelar que mediante os estímulos certos, como ganhar um prémio, as crianças com autismo conseguem avaliar com sucesso os pensamentos e as crenças dos outros.

A descoberta advém de um teste amplamente utilizado para projectar estas capacidades nas crianças, designado de teoria da mente. O novo estudo sugere que as crianças autistas são capazes de compreender a teoria da mente, mas que não sentem uma forte motivação para dar a resposta correcta ao realizarem o teste clássico.

Os dados do teste variam, mas geralmente é-lhes contada uma história em que duas personagens (geralmente chamadas de Sally e Ann) colocam um objecto numa cesta. Depois de Sally sair da sala, Ann move o objecto para uma caixa. A criança passa no teste se perceber que Sally irá procurar o objecto na cesta onde o deixou e não na caixa.

Por norma, as crianças saudáveis deparam-se com este teste aos três anos de idade, mas muitas só passam nele aos cinco anos. A maioria das crianças com autismo continua a falhar no teste durante a adolescência.

Desta vez, os investigadores converteram o teste num jogo. Segundo eles, as crianças com autismo usam a teoria da mente quando desejam algo concreto – quando competem por algo com um irmão, por exemplo. Portanto, nesta nova versão as crianças pensam que estão a competir com duas pessoas – Dot e Midge – por um brinquedo ou uma bola: quem os encontrar primeiro, pode ficar com eles.

O sistema é semelhante ao teste original, sendo que, aqui, mais dois concorrentes têm a hipótese de tentar a sua sorte. Se a criança entender que Midge não sabe para onde é que o brinquedo foi transferido, então ela torna-se mais propensa a recebe-lo.

Os investigadores sujeitaram aos dois testes 23 crianças autistas com idades entre os sete e os 13 anos e 73 crianças saudáveis divididas em três grupos – de três anos, de quatro anos e dois meses e de quatro anos e oito meses.

Como era esperado, apenas três das 23 crianças autistas responderam correctamente ao teste Sally-Ann – mas 17 delas conseguiram uma pontuação perfeita no teste Dot-Midge.

Da mesma forma, nem todas as crianças saudáveis com quatro anos responderam correctamente ao teste de Sally-Ann. Mas 13 das 24 com quatro anos e dois meses, tal como 20 das 26 com quatro anos e oito meses, passaram no teste Dot-Midge. As de três anos erraram.

Segundo os investigadores, o teste Dot-Midge revela a teoria da mente numa idade mais jovem do que o teste Sally-Ann. E que as crianças autistas podem ser desenvolvidas, se desafiadas com os mecanismos apropriados.

Foto: Sob licença Creative Commons





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